Lojas e marcas

“Estamos chocados. Nunca tínhamos tido uma abertura como esta”, diz fundador da Normal

A NiT esteve à conversa com Torben Mouritsen, que revelou que Portugal se poderá tornar num dos maiores mercados da marca.
Torben criou a empresa em 2013.

A cadeia dinamarquesa Normal chegou a Portugal a 28 de outubro, com uma inauguração no centro comercial Alegro Sintra. Como a NiT já revelou, haverá uma nova abertura da marca a 8 de dezembro, desta vez no Nova Arcada, em Braga. No primeiro trimestre de 2023, haverá uma outra loja, embora ainda não se saiba onde será — apenas é conhecido que vai ser numa das principais cidades do País.

“Criei a empresa há cerca de dez anos, no dia 6 de abril de 2013. Na altura era apenas eu e um bom amigo, que entretanto deixou de estar ativo na marca mas continua a ser um acionista”, conta à NiT Torben Mouritsen, o CEO da cadeia. O sucesso em Portugal foi, para ele, inesperado, mas mostrou que o País está aberto a este conceito, e continuará a apostar no nosso mercado — em 2023 pretende abrir, no mínimo, dez novos espaços.

Caso não esteja familiarizado com a marca, o que achamos pouco provável, a Normal tem diferentes marcas de cuidados de pele, de cabelo, maquilhagem, perfumes, doces e até de artigos para a limpeza para a casa. “São produtos normais que utilizamos todos os dias”, afirma. Ajax, Colgate, Dove, Gillette, H&S, Heinz, L’Oreal, Maybelline, Nescafé, Nivea, Pedigree, Scholl são algumas das marcas que fazem parte do catálogo. Existem etiquetas que todos conhecemos (e outras que nem por isso), mas, mesmo assim, os preços fixam-se em valores mais baixos do que aquilo que poderia esperar.

Em entrevista à NiT, explicou melhor a história da marca e os planos que já tem, tanto no País como para a empresa em geral. No entanto, há uma coisa que nunca mudará: os preços mais económicos.

Quando começou com a empresa, achou que teria tanto sucesso?
Não, mas tínhamos grandes sonhos. Primeiro queríamos solidificar-nos na Dinamarca e, após dois anos, surgiu a oportunidade de abrirmos na Noruega, e eles gostaram tanto quanto os dinamarqueses. Depois fomos para a Suécia, Países Baixos, Finlândia, França e agora Portugal. Tem sido uma viagem fantástica.

Porque é que decidiu criar a marca?
O meu background é em vendas. O que via era que os preços subiam e baixavam. Numa semana, o mesmo produto podia estar mais caro e, na seguinte, estava com desconto. Nunca sabíamos quando comprá-lo porque a diferença era muito alta. Também reparava que precisávamos de comprar três ou quatro para obtermos o desconto. Pensei que fazia falta uma loja onde pudéssemos encontrar opções de cuidados de pele, limpeza, cosméticos e artigos do dia a dia por preços mais baixos. Também me apercebi que os locais onde os compramos são muito aborrecidos. Os clientes precisam de uma experiência de compras mais divertida. Foi por isso que adicionei o elemento de caça ao tesouro na loja, e produtos de vários países. Mas temos um critério: precisam de ser coisas que utilizamos no nosso quotidiano. Depois, com a primeira loja, vi que o formato de labirinto e as cores vibrantes eram algo que gostavam, e também adoravam os valores baixos e a variedade de propostas.

Porquê o nome Normal?
Isso é uma pergunta muito boa. Nós discutimos vários nomes. Achámos que tínhamos um conceito e preços únicos, mas também produtos muito normais. Falamos sempre das coisas únicas mas são as normais que aproximam as pessoas. Normal é fácil de lembrar e é uma palavra que pode ser utilizada em todos os idiomas. Não revela exatamente o que vendemos mas mostra que podem esperar algo que utilizará no dia a dia.

Porque é que decidiram incluir cremes e misturá-los com maquilhagem e doces? Porque têm mesmo uma grande variedade de produtos.
Nos nossos primórdios falámos muito com os clientes, quando íamos a feiras pelo mundo. Perguntámos que categorias gostariam de ver, bem como produtos específicos. Acabou por ser uma combinação daquilo que achávamos que ia resultar e o que eles queriam. E tens razão, há uma longa distância entre doces e detergente para a louça, mas achamos que este mix é relevante porque são coisas que usamos diariamente. Alguns dos produtos são aborrecidos, mas outros são novos e entusiasmantes.

Também têm produtos para todas as idades. Os doces para os miúdos, embora os adultos também gosta, e depois maquilhagem maioritariamente para as mulheres, têm perfumes para homens. Muitas pessoas estão incluídas na oferta.
Exatamente, nós lidamos com toda a gente e temos clientes de diferentes idades. Mas também formatos familiares diferentes. Recebemos solteiros, estudantes jovens, famílias. Um pouco de tudo.

Tem algum produto que o Torben use diariamente, ou um favorito?
Tenho alguns favoritos. Adoro doces. Nós temos chocolates muito bons e guloseimas ácidas que adoro. Também compro ali os produtos para a barba. Além disso, tenho o creme da Dove para o corpo. Mas também me surpreendo porque temos centenas de produtos novos a cada semana. Quando entro na loja há sempre algo novo para mim.

Sabe qual é o bestseller entre os clientes?
Varia de semana para semana. O que verificamos em todos os mercados é que as pessoas acabam por comprar algo diferente e que não esperavam adquirir quando entraram na loja.

Está a planear ir para um novo mercado em breve?
Nós temos a tradição de abrir um novo mercado por ano. No próximo ano vamos chegar a outro país.

Já começaram as negociações?
Já sei onde será mas ainda não posso dizer (risos).

A estreia da marca em Portugal foi um sucesso.

Porque é que decidiram trazer a empresa para Portugal? Era algo que já estava a ser estudado há muito tempo?
Fizemos muitas análises. Já tinhamos feito questionários a portugueses que passam pelas lojas na Dinamarca e tivemos um feedback muito positivo. Gostam da mistura de produtos, dos preços e da atmosfera. Além disso, víamos o mesmo problema em Portugal, com preços que variavam muito.

Porque é que decidiram começar em Sintra?
Procurámos por bons arrendamentos em todo o País. Abrimos sempre as nossas lojas em centros comerciais ou ruas movimentadas. Sintra tem muitos clientes e achámos que a localização e tamanho do Alegro era uma boa combinação. Temos sempre muita curiosidade para ver como resulta a primeira loja porque mostra o potencial no país. Começar em Sintra era uma escolha óbvia.

Pode-me dizer de quanto foi o investimento?
Não revelamos esses números, mas posso dizer que foi basicamente o mesmo que nos outros países. Mas isso também varia de loja para loja, dependendo do tamanho e do trabalho que é necessário fazer ao espaço. Mas abrir uma loja assim necessita de um grande investimento.

Como é que acha que o público português está a aceitar a loja?
Estamos chocados. Nunca tínhamos experienciado uma abertura como esta, foi fantástico. No dia anterior à inauguração convidámos alguns influencers e fiquei logo com um bom pressentimento quando foram embora. No dia seguinte tivemos sempre filas e a loja ficou quase vazia no que diz respeito aos produtos. Foi um momento muito positivo.

De onde vem este entusiasmo todo por parte dos portugueses?
Há uma boa combinação cultural entre os portugueses e os dinamarqueses. Temos uma boa ligação, rimo-nos juntos, estamos interessados nas mesmas coisas. Também têm a mente muito aberta e curiosidade quanto a novos conceitos. Apenas estamos um pouco tristes pelas filas grandes, mas isso é consequência de gostarem da loja.

Acha que já temos um produto favorito?
Na verdade, Portugal é o país que mais se destaca em termos de variedade de produtos. Tentei encontrar um ou dois que tivessem sido mais comprados, mas houve uma grande variedade em todas as categorias.

O que é que Portugal vai trazer para o portefólio da empresa?
É muito cedo para dizer, mas, como já afirmei, estou com um pressentimento muito bom. Uma boa inauguração não nos diz muito, mas já estamos abertos há mais de duas semanas e os clientes continuam a ver, a comprar e a gostar do conceito. Isso é um bom indicador. Não há muitos clientes que entrem e saiam sem nada. As expectativas estão altas. Claro que Portugal não tem o tamanho de França, por exemplo, mas em termos relativos, vai ser um mercado muito interessante para nós.

No futuro acha que vai continuar a apostar no tipo de produtos que vende atualmente?
Vamos continuar a investir nos produtos que utilizamos no quotidiano. Vão encontrar alguns produtos que se calhar saem um pouco desta categoria mas, em termos gerais, vamos oferecer artigos que usem no dia a dia. Mas isso não significa que não tenhamos novidades. Queremos sempre ouvir o que os clientes dizem e avaliamos para onde seguimos. Algumas categorias atuais já foram reduzidas, enquanto que outras foram expandidas. Acredito que nos continuemos a renovar.

Carregue na galeria e conheça alguns dos produtos que pode comprar na Normal.

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