Lojas e marcas

Fúria dos despejos continua na Baixa do Porto. Armazém dos Linhos vai mesmo fechar

O edifício, onde fica a loja histórica dos tecidos, foi vendido a um grupo francês. Mais comércios da Passos Manuel vão encerrar.
A loja foi sempre muito elogiada.

Dos turistas aos locais, não há quem não tenha entrado nesta loja e elogiado a sua beleza. Fundado há 119 anos, o histórico Armazém dos Linhos terá de sair da sua morada, na Rua Passos Manuel, até ao final do ano. 

Porém, esta não é a primeira vez que enfrentam um pedido de despejo. Em 2011, numa altura já mais apertada para o comércio local, o Armazém dos Linhos estava em vias de encerrar.

Leonor e Filipa Pinto Bastos desistiram de arquitetura e decidiram ficar com a loja, mantendo a sua traça original. Há quatro anos, o comércio enfrentou mais uma luta. O senhorio moveu uma ação de despejo e vendeu alguns prédios da Rua de Passos Manuel a um grupo francês.

Depois de um longo e difícil processo, a icónica loja dos tecidos, no coração da Baixa portuense, vai mesmo ter de sair. “Perder a loja é perder a alma do negócio. Nunca mais vai ser a mesma”, admitem os proprietários ao “Jornal de Notícias”, que avançou este domingo, 4 de agosto, com a notícia de que este comércio e outras lojas históricas inseridas na mesma rua teriam de procurar uma nova morada.

“É com resignação que informamos que a nossa loja, localizada no coração da cidade do Porto, vai mudar de morada. Foram 119 anos de história, na Rua de Passos Manuel 15, que acompanharam gerações de portuenses e visitantes”, informaram as responsáveis do Armazém dos Linhos numa publicação nas redes sociais. 

Ao “JN”, as responsáveis pela loja, incluída no programa Porto de Tradição, admitem terem sentido uma “pressão brutal” e que, face ao “risco de perder a loja e a indemnização”, não tiveram outra alternativa a não ser ceder ao acordo e sair daquele espaço nos próximos meses, até ao fim do ano.

 
 
 
 
 
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O desfecho deste processo ficou “muito aquém” do ambicionado, acrescentaram Filipa e Leonor, e “o sonho de adquirir o espaço e de se manterem no local foi impossibilitado pela especulação imobiliária que se faz sentir”, afirmando que “o novo empreendimento projetado para aquele quarteirão não contempla a manutenção deste património comum”.

De momento, as responsáveis encontram-se à procura de uma nova morada, a um valor “sustentável” para o negócio. “Prometemos reabrir num outro espaço, procurando nesta mudança encontrar um equilíbrio entre passado e futuro, com novos projetos e sonhos”, garantiram.

A loucura dos despejos do comércio tradicional de rua não fica por aqui. Depois de, em fevereiro, ter sido anunciado que a Primark iria ocupar o icónico edifício da Fnac de Santa Catarina, à lista juntou-se um Burger King que irá abrir no espaço do histórico Café Embaixador. O mesmo destino terá a Benedito Barros, loja ligada ao setor do retalho e também ela incluída no Porto Tradição. O comércio deverá abandonar o espaço até setembro.

Raúl Martins, responsável pela loja, admitiu ao “JN” que, além da “pressão” dos investidores, existiam falta de condições no espaço, havendo alturas em que chovia dentro da loja. O negócio já tem nova morada, no Beco de Passos Manuel, a poucos metros da morada atual.

A loja Butikão, aberta desde 1975, também parece não sobreviver aos despejos. Laura Rodrigues, responsável pelo espaço admite ter recebido ordem de despejo, apesar de ainda não ter chegado a um acordo com o grupo francês.

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