Lojas e marcas

Griffins: a marca nacional com sapatos unissexo que “libertam homens de preconceitos”

Criada por um professor de história, tem modelos para o pé masculino e feminino. Os pares são feitos em pequenas quantidades.
Tamtém oferece botas e sandálias.

Nos livros que usa para ensinar história, Nuno Gil acompanha também uma parte da evolução da moda e das tendências. Se, atualmente, há quem acredite que certas tipologias de sapatos, como as mules, sempre foram específicas do sexo feminino, há mais de quatro séculos também eram vistas nos retratos de homens da aristocracia.

A observação do professor, de 45 anos, começou pelas botas de cano alto e dos saltos altos, inicialmente usados apenas pelo público masculino. Enquanto a adoção das mulheres de várias peças significou libertação, por outro lado, o estilo e o comportamento dos homens ganhou novas amarras, sobretudo a partir da Segunda Guerra Mundial.

“Cheguei à conclusão que o vestuário feminino é muito mais abrangente, mas nem sempre foi assim”, explica Nuno à NiT. “Do ponto de vista económico até tem as suas vantagens, mas tem contribuído para uma série de preconceitos por parte do público masculino, que fica mais circunscrito em termos de comportamento.”

Em 2015, o docente teve, pela primeira vez, a ideia de oferecer mais diversidade ao guarda-roupa masculino, embora só tenha explorado este plano quatro anos mais tarde. Na altura, teve a ideia de pegar nas tradicionais mules e desenhar um modelo que fosse adequado para ambos os sexos.

A partir deste esboço, Nuno lançaria a da Griffins Unisex Shoes, uma marca de sapatos unissexo e andrógena. Além de oferecer uma maior diversidade, o fundador pretende “libertar os homens de preconceitos de cariz sexista e de género” que limitam a escolha do guarda-roupa.

Após as mules, surgiram novos modelos como sandálias, mocassins ou botas, feitas maioritariamente à mão e com numeração adequada tanto para pés masculinos ou femininos. Cada par destaca-se não só pela escolha de cores, predominando o vermelho, o azul e o preto, mas também pela qualidade das matérias-primas escolhidas e pelo efeito envernizado.

“A ideia era preencher uma lacuna no mercado ao oferecer uma terceira via, mais descontraída e democrática”, explica. “Percebi que algumas lojas têm abordagens que denotam estas preocupações. Antes de criar peças para algum género em específico, queria que fossem para pessoas.”

Alguns dos pares.

O nome do negócio tem origem no grifo, um ser mitológico que, na sua representação mais comum, surge como um híbrido entre uma águia, ao qual é atribuído o substantivo feminino, e um leão, considerado um símbolo masculino. O símbolo transmite precisamente a mensagem da marca, que quer provar que é possível equilibrar os dois lados.

Outro dos pilares da Griffins é a produção em pequenas quantidades. Além de serem lançados poucos modelos por coleção, cada par é produzido em pequenas quantidades, não só para evitar o desperdício em matérias-primas e o excesso de stocks, mas para oferecer criações mais exclusivas.

Esta missão levou Nuno Gil a escolher uma pequena fábrica familiar em São João da Madeira, capital nacional do calçado, onde o trabalho é essencialmente artesanal. Após algum tempo à procura, devido à falta de ligação a esta indústria, encontrou uma confeção que segue normas europeias de segurança, sem qualquer produto nefasto.

Atualmente, a marca tem cinco designs disponíveis. Assim que o stock terminar, o fundador planeia lançar uma nova coleção com mais opções, seguindo sempre o mesmo princípio de edições limitadas. “Se houver muita procura, podemos produzir um par em função dos pedidos dos clientes.”

A procura, adianta Nuno, tem sido dividida entre o público masculino e feminino. Embora o objetivo inicial tenha sido trazer mais diversidade para o guarda-roupa dos homens, a verdade é que, apesar do fundador ter antecipado algum ceticismo, a resposta tem sido positiva um pouco por toda a gente.

Graças a este sucesso, o professor acredita que os próximos passos da marca passam por presença num espaço físico. Antes disso, porém, quer lançar mais produtos, de acessórios a vestuário, para diversificar o catálogo e chegar ainda mais gente, sempre com a mesma mensagem.

Os sapatos da Griffins Unisex Shoes estão disponíveis no site da marca, assim como na página de Instagram. Os preços variam entre os 120€ e os 150€.

Carregue na galeria para ver alguns dos modelos.

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