Quando chegaram as primeiras notícias sobre a pandemia da Covid-19, Sofia Bargiela estava em São Paulo, no Brasil, onde ficou presa nos meses seguintes. Apesar do período incerto que se vivia, deixou-se contagiar pela “cultura alegre, sofisticada e cheia de ritmo” do país, que a inspira até aos dias de hoje.
Nessa altura, a criativa de 36 anos já ambicionava desenvolver um negócio próprio. “A minha mãe era empresária. Sempre foi esse o modelo que tive em casa”, recorda à NiT a técnica de marketing, que passou por várias multinacionais em Lisboa, Madrid ou Londres, por exemplo.
Quando surgiu a possibilidade, não tinha dúvidas sobre o projeto a lançar. Assim nasceu, em março, a Guaba. A nova marca de óculos de sol artesanais e sustentáveis, nascida em Portugal, tem um design que se inspira no Brasil. O resultado? Vários modelos coloridos e com formatos arrojados.
“Identifiquei uma oportunidade para unir design e sustentabilidade, que ainda não está muito desenvolvida neste mercado”, acrescenta a fundadora. “Esta aposta fez sentido, porque é um produto que sempre adorei, mas também queria que a marca tivesse um propósito.”
Todos os modelos são feitos à mão numa pequena fábrica, no sul de Itália, com a sustentabilidade no centro do processo. Enquanto as armações são feitas de bioacetato da Mazzucchelli — uma matéria-prima biodegradável à base de plantas —, as lentes ecológicas são fornecidas pela Carl Zeiss Vision e feitas com energia renovável.
“A indústria gera 80 por cento do desperdício desta matéria-prima. Como existem poucas infraestruturas para a reciclagem do material, acabam em aterros sanitários a libertar toxinas para o meio ambiente”, acrescenta Sofia, sublinhando a necessidade de alternativas sustentáveis.
Além desta aposta apenas em materiais ecológicos e reutilizáveis, que também está presente em elementos como o packaging, a marca tem outra vertente solidária. A cada venda, 1 por cento do valor é destinado ao GrowBack, um projeto de reflorestação local.

A primeira coleção inclui um modelo dos principais tipos de óculos de sol no mercado — redondos, ovais, retangulares, quadrados ou cat eye. Todas, porém, contam com detalhes diferenciados, como hastes em V ou com efeito curvo, assim como detalhes às riscas.
A originalidade destes modelos foi inspirada em referências arquitetónicas tanto de Lisboa, como de São Paulo. Um dos exemplos mais vendidos, Maud, têm formas ovais nas hastes que representam as janelas do Centro Champalimaud para o Desconhecido, projetado pelo arquiteto Charles Correa.
Quanto às cores, explica Sofia, optou por uma paleta “diferente e divertida”, com tons que já refletem a identidade da marca, como o vermelho ou o verde. “Fugi propositadamente dos pretos ou dos tortoise. Quis que fosse uma afirmação de ousadia, personalidade e confiança. Um statement não pode ter básicos.”
Esta inspiração está ainda presente no nome da insígnia. “Remete para a natureza, para o calor e para a música no pé”, diz. “Não tem um significado em específico, mas é bastante sonante e transmite o que quero, que é cor, boas energias e, acima de tudo, respeito pela natureza.”
Para evitar desperdício, a Guaba só terá coleções novas quando esgotar a linha anterior na totalidade — e irá optar por drops de modelos em alternativa a coleções sazonais ou até mesmo anuais. “Temos opções que dão para várias estações”, refere, sublinhando: “É sempre verão em alguma parte do mundo e as pessoas viajam cada vez mais.”
Desde o lançamento, a criativa tem apostado na expansão física da marca, que já está disponível na concept store da House of Curated, em Lisboa. O objetivo é continuar a não só a alargar esta presença na capital, mas dar passos em direção à internacionalização.
A primeira coleção da Guaba está disponível no site da marca. Pode comprar os modelos entre os 245€ e os 260€.
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