Enquanto professor de história, Manuel Reis começou a ver na cerâmica mais do que um objetivo utilitário. O olhar curioso levou-o a fazer réplicas de peças conhecidas para vários museus, entre outros espaços culturais e, mais tarde, a criar o Atelier Artístico Torre dos Clérigos, no centro do Porto, onde fazia oficinas artísticas com os turistas.
O ensino não ficou para trás, mas o projeto foi crescendo e surgiram novas oportunidades. Uma delas, a que veio mudar tudo, foi a possibilidade de abrir uma loja, em Gaia, onde comercializava e exportava vários tipos de peças para clientes espalhados pelo mundo.
Quando surge a hipótese de ter um espaço maior, com cerca de 240 metros quadrados, o professor de 52 anos percebeu que estava na altura de explorar um novo conceito. “Vi que estavam a surgir várias iniciativas de louça ao peso pelo País, mas no Porto, e especialmente em Gaia, não existia nada do género”, explica à NiT.
Manuel aproveitou a lacuna e abriu, a 15 de março, uma nova loja de cerâmica portuguesa ao peso no Grande Porto, que se distingue pelas peças únicas, criadas especialmente para este espaço. Na Doidos por Loiça, situada no número 148 da Rua do Belo Monte, basta pesar o que pretende levar e o quilo custa sempre 3€.
Por lá, pode encontrar dezenas de pratos (rasos ou fundos), tigelas, travessas, saladeiras, entre outras opções, a preços acessíveis. As únicas exceções que têm preços unitários são os copos de café, algumas canecas e a louça banhada a ouro, que é um dos destaques da oferta.
“O que nos distingue é que temos um segmento focado nas porcelanas”, diz Manuel. E acrescenta: “Temos coleções fantásticas em que destaca o nosso parceiro, a EQC Ceramics”, continua. A empresa, sediada em Fátima, produz coleções para marcas de todo o mundo.
A oferta da Doidos por Loiça distingue-se também pela criação das suas próprias coleções, ou seja, há peças exclusivas e que, de momento, podem ser encontradas apenas neste espaço. Há ainda a chamada louça decorativa que, segundo o proprietário “está na génese de todo este projeto”. E, para complementar, encontra plantas associadas a este universo.
O espaço não se quis ficar apenas pela venda. Neste momento, também está a desenvolver oficinas e workshops nos quais as pessoas podem aprender a fazer, por exemplo, um prato ou uma tigela. “Produzem tudo a seu gosto, aplicamos os vidrados e, quando estiver pronto, só precisam de levantar”, diz Manuel.
Mais do que um ponto de venda, o responsável defende que este é um espaço para explorar a cerâmica através de novas perspectivas. Na inauguração, por exemplo, usaram peças com defeitos, “que já nem pode ser considerada louça de segunda” e criaram um momento anti-stress. Foi feito um muro e, após colocarem em cada artigo “os seus fantasmas”, passaram a tarde a partir estes objetos.
Além disso, tem em mente objetivos como parcerias na restauração. “Se uma empresa deseja renovar toda a louça, já temos uma dinâmica enorme em termos de renovação e oferta. Podemos criar uma coleção adaptável aquilo que é a ideia do projeto do cliente”, conclui, frisando que o futuro não passa apenas pelo Grande Porto, mas a nível nacional.
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