Lojas e marcas

Há uma nova marca nacional com acessórios feitos a partir de vidros do mar

A ideia surgiu quando Matilde estava a viver sozinha em Paris. Todas as peças são produzidas à mão com materiais únicos.

Durante os seis meses em que viveu sozinha em França, para estagiar no Consulado de Paris, Matilde Pêgas aproveitou todos os momentos para passear. Nesse verão, em 2024, percorreu todas as praias do país e foi num areal em Dieppe, na Normandia, que percebeu que o chão era quase todo formado por pedras e rochas. Era quase impossível encontrar areia. 

Houve um dia, em específico, que se recorda de ter visto uns materiais “preciosíssimos” que chamaram a sua atenção. “Eram pequenos vidros polidos, de garrafas que são atiradas ao mar e que se tornam naquelas pedras lindas após a erosão. Tinham cores que não sabia de onde surgiram”, conta a jovem, de 23 anos, à NiT.

Começou logo a imaginar como ficariam num colar ou em brincos e, ao chegar a Portugal, começou a procurar páginas que vendessem algo semelhante. “Encontrei algumas ideias no Pinterest, mas não havia ninguém que pudesse contactar para ter algo igual”, recorda. “Sobretudo a partir de Portugal.”

Em outubro, após “uma pausa no processo criativo”, começou a desenvolver uma marca com este conceito, por incentivo das amigas. Chama-se Vidralmar, foi lançada oficialmente em fevereiro e conta com uma seleção de joias, como brincos, colares e anéis, que se destacam pelos vidros coloridos que as formam.

“Para mim, fez logo sentido dar uma nova vida aquilo que já teve outro propósito. Já não é uma garrafa, nem um pedaço de vidro. São vidros do mar e ninguém faz nada com aquilo, mas são matérias-primas realmente lindas e que saltam à vista mesmo antes de serem trabalhadas”, confessa.

Matilde, que está atualmente no mestrado em Relações Internacionais e Estudos Europeus, começou pelos brincos compridos, feitos com pedras únicas envoltas em fio de cobre. Seguiram-se as versões mais pequenas, através de uma segunda coleção com várias cores e feitios e, por fim, os anéis personalizados.

Tudo é feito à mão pela criativa, dos moldes aos acabamentos. “O mais importante para mim é que apenas exponho ao público quando realmente gosto do resultado”, diz. “Cada peça é única, já que nenhum pedaço de vidro que seja igual ao outro. Muitas delas até têm infusões de outras cores”, comenta.

Quanto às dificuldades, explica, está o facto de ter tido de descobrir como tudo funciona sozinha, já que não existia um negócio semelhante. “Lembro-me que, para arranjar uma cola que realmente prendesse aquele vidro do mar aos materiais que uso, foi um processo longo. Não podia usar qualquer coisa.”

Nos brincos compridos, o processo é ainda mais complexo, já que envolve a colocação do arame, utilizado nas mais diversas peças de joalheria, à volta das pedras. Porém, sem pressa, confessa que apresentou logo o resultado assim que passou a ter stock suficiente para a venda ao público.

A resposta tem sido positiva, incluindo nos eventos onde Matilde participado Um deles foi uma feira de pequenas empresas, promovida pelo ISCTE, onde a jovem apresentou um dos projetos mais recentes, com pouco mais de três. Foi uma motivação para continuar a explorar novos caminhos.

“A ideia inicial da marca sempre foi começar pelos objetos decorativos, mas o processo de passar para a bijuteria foi tão rápido e natural”, conclui a fundadora, que ainda explorou os quadros. “Esse plano ainda é algo a concretizar, mas sei que há muitas coisas que posso desenvolver com este material. Há tantas formas de um produto ser único.”

Todos os acessórios da Vidralmar podem ser comprados através da página de Instagram da marca. Os preços variam entre os 12€, no caso dos brincos pequenos, e os 16€ no caso dos colares.

Carregue na galeria para ver algumas das propostas.