Quem cresceu nos anos 2000, sabe o fenómeno que foram as revistas “Bravo”. Daniela Ferreira, 31 anos, recorda-se de comprar todas as edições, recortar as peças de roupa das celebridades e, mais tarde, compor os seus próprios visuais numa folha à parte. Com o resultado numa mão e os acessórios que viam de brinde na outra, já sentia fascínio pela moda.
“Recordo-me de ter sido convidada para uma agência de modelos, com 16 anos, mas não fiz por desaprovação dos meus pais”, conta à NiT. Assim que terminou o ensino secundário, começou a trabalhar na área comercial de marcas de cosméticos ou têxteis, mantendo-se próxima deste universo. Mas não era suficiente.
O sonho de lançar uma marca de roupa concretizou-se no dia 22 de abril. Sob o lema “um novo olhar sobre a beleza do conforto”, a Hera (nome inspirado na rainha do Olimpo) foca-se em peças intemporais e funcionais para durarem durante anos no armário feminino. Em tons neutros e detalhes românticos, a primeira coleção inclui vestidos, calças, calções e tops para criar looks completos.
A ideia surgiu em novembro do ano passado, quando Daniela se despediu e começou a fazer pesquisas de mercado. “Senti necessidade de ter mais tempo pessoal, acompanhar o meu pai que estava doente e, finalmente, lançar aquilo que sempre gostei de fazer. Pensei que não ia conseguir sozinha”, acrescenta.
Em 2021, a fundadora chegou a criar outro projeto, chamado Fiore, com artigos de bijuteria que criava de raiz. A etiqueta — que ainda mantém — chegou a estabilizar, mas continuava mais atenta ao mundo do vestuário e a sentir necessidade de criar peças à sua imagem.

Desenhadas por uma modista, cada proposta é desenhada a pensar numa mulher prática e que prioriza o conforto. “No meu dia a dia, gosto de vestir algo que não me priva de fazer nada”, acrescenta. “E sempre que uso algo da marca, noto que são peças em que nos sentimos bem e não precisamos de muito mais.”
Daniela queria ainda contrariar a tendência de adquirir modelos nas fast fashion que, pouco tempo depois, deixamos de usar. A intenção era criar mais rotatividade no closet das consumidoras, ou seja, poderem ter aquela peça guardada para usar e adaptar a várias ocasiões.
“Tenho um vestido comprido que, à primeira vista, só daria para um convívio na praia. Mas, se pensarmos bem, pode ser usado num jantar entre amigos ou com um companheiro”, explica sobre o modelo Pietra, que se tornou um bestseller em duas semanas. “Uso-o em todos os contextos.”
Para garantir uma maior exclusividade, todas as peças são produzidas num atelier, na Maia, em pequenas quantidades. No máximo, a marca faz 30 unidades de cada peça e não são todas criadas de uma vez. “Assim, sabemos que não vamos ver as peças em milhares de mulheres pelo mundo”, sublinha.
No caso de haver menos procura e não produzirem as peças previstas, guardam o tecido e usam os excedentes para a coleção cápsula seguinte: “Podemos mudar o método mais tarde, depende da recetividade das clientes. Mas a intenção é continuar a apostar em modelos únicos.”
A primeira coleção da Hera já está à venda no site da marca com peças entre os 59,90€ e os 119,90€. Carregue na galeria para ver as propostas.