Durante a sua adolescência, Sofia Lourinho tinha mais carteiras do que T-shirts no armário. Sempre que olhava para elas, lembrava-se de quando, aos 8 anos, se encantou por um modelo antigo que pertencera à mãe, Judite, e que acabaria por usar durante o liceu.
Com o passar do tempo, a coleção de Sofia cresceu, mas a tal carteira minimalista, de formato retangular, resistiu a todos os desafios do tempo. Quando decidiu transformar esta paixão num negócio, encontrou inspiração nos detalhes desse acessório intemporal.
Assim nasceu a Isaga, uma marca de carteiras feitas de forma artesanal com peles de elevada qualidade, originária da Sapataria do Carmo, num atelier com vista sobre Lisboa. Com uma estética citadina, a marca combina várias texturas, cores e materiais para criar modelos intemporais.
Apesar do seu amor por carteiras, Sofia começou na indústria do calçado, há 12 anos. Decidiu aprender tudo sobre a arte de trabalhar a pele. “Costumava dizer que vendia sapatos, mas que eram as carteiras que realmente me interessavam”, confessa à NiT.
A aventura empresarial teve início em 2012. Apesar da formação em ciências da comunicação, Sofia e os três sócios — João Pedro Lourinho, Dénis Dâmaso e Alexandra Lourinho — uniram-se para dar continuidade à Sapataria do Carmo, que sempre pertenceu à mesma família.
O filho do fundador, Paulo da Cruz, já estava numa fase avançada da vida, e nenhum membro da família desejava ficar com negócio. “No início, até considerámos apostar na restauração. Entranto, surgiu a sapataria”, recorda.
Com esta experiência, perceberam que o processo de criar sapatos e carteiras “é bastante semelhante ao de preparar um prato”, explica Sofia, ressaltando a importância da escolha dos melhores materiais e da atenção aos pormenores.
No entanto, decidiram que a Isaga seguiria um caminho distinto. “A Sapataria do Carmo já possui uma história e é conhecida pelos sapatos clássicos, embora tenhamos tentado diversificar um pouco”, acrescenta. “Era fundamental que a marca tivesse uma identidade própria, que refletisse o meu gosto e a minha identidade.”
Cada modelo da Isaga homenageia um nome feminino e destaca-se pelo formato amplo, especialmente no estilo tote, e pela vasta gama de materiais. “Percebemos que algumas peles funcionavam melhor em carteiras do que em sapatos.”
Entre os modelos mais populares, como as bestsellers Gabi e Vilde, destaca-se a combinação do tecido com alças de madeira, criando uma fusão inusitada entre dois elementos naturais que mistura o estilo retro e contemporâneo.
“O objetivo eraa juntar diferentes tipos de materiais. Queremos que uma carteira mais clássica seja desconstruída, oferecendo um look mais descontraído”, explica. “Posso usar uma Isaga toda em pele, mas com um toque que contrasta com um outfit mais formal.”
O nome da marca é uma homenagem a quem mais inspira a fundadora: as suas filhas gémeas, Isabela e Gabriela. As meninas, com sete anos, foram a principal motivação para Sofia avançar com o projeto, numa fase em que “as coisas começaram a ser mais fáceis enquanto mãe”. “Era agora ou nunca.”
Antes de chegarem às mãos dos artesãos da Sapataria do Carmo, a equipa seleciona peles 100 por cento nacionais, provenientes de uma fábrica do Norte do país, com a qual mantêm uma parceria exclusiva.
Apostando na intemporalidade, a marca manterá uma linha base com a maioria das referências iniciais, lançando novidades a cada dois meses que seguem a mesma abordagem. “Assim como os sapatos, queremos que as carteiras se tornem um objeto de desejo.”
Um dos princípios da marca é que, além de bonitas, devem ser criações que as clientes continuarão a usar ao longo dos anos. Tal como as carteiras que Sofia herdou da mãe e que usou até estarem desgastadas.
“Quando desenvolvemos o conceito, idealizámos dois tipos de clientes. Queremos que a mesma carteira possa ser adquirida por uma jovem de 25 anos, mas também pela mãe, de 65 anos. Precisávamos de abranger várias faixas etárias e estilos.”
Além disso, a presença nas lojas da Sapataria do Carmo, localizadas em áreas turísticas, permite receber feedback de um público internacional. “Em Portugal, as propostas com alças de madeira podem não ser as mais vendidas, mas para os turistas fazem a diferença. Não encontrarão algo assim nos seus países.”
Antes de se expandir internacionalmente, Sofia tem outros planos. “Precisamos de consolidar a marca online e fazer com que ganhe notoriedade”, refere. Só depois fará sentido investir no “sonho não tão distante” de ter uma loja própria da Isaga.
No futuro, Sofia planeia também lançar novas versões, como a mini do modelo Judi, inspirado na carteira da mãe. Isso será uma forma de aproximar as filhas, que ainda não são propriamente fãs de carteiras. “Gostaria que, um dia, dessem continuidade ao projeto e continuassem a escrever esta história”, conclui.
A primeira coleção da Isaga está disponível nas três lojas da Sapataria do Carmo — no Largo do Carmo e no Chiado, em Lisboa, e no Funchal — assim como no site da marca. Os preços variam entre 195€ e 260€.
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