Catarina Crespo entrou no curso de direito convicta do seu destino. Concluiu a licenciatura, depois o mestrado, saltou para a Ordem, agarrou a cédula e, contornados todos os obstáculos iniciais, decidiu nunca mais exercer. Pelo caminho, algo tinha mudado: o nascimento da Apuro.
A marca de joalharia nasceu ainda a meio dos estudos, “algures entre a licenciatura e o mestrado”, em 2016. “Na verdade, sempre quis criar um negócio, sempre fui muito criativa, adorava trabalhos manuais. E esse verão foi o momento certo para arriscar e tentar criar algo online”, recorda.
Tudo começou da forma mais artesanal possível. O processo envolvia horas passadas a ver tutoriais no YouTube, a encomendar materiais e a experimentar novas peças — e pelo caminho, Catarina comprava peças para desmontar e “perceber como tudo era montado”. Depois, tudo era exibido (e vendido) no Instagram, numa altura em que ainda não era tão comum comprar e vender na rede social.
Hoje, oito anos depois, sente que a marca está já bem estabelecida. Ou, pelo menos, é isso que revelam as aparições das peças da Apuro nos pescoços e orelhas das famosas e influencers.
“Trabalho com influencers desde o começo, mesmo quando não era ainda muito comum. Foi a nossa principal estratégia de marketing e aquela que nos deu sempre mais resultados”, confessa. “As nossas peças já foram vistas em pessoas como a Pipoca Mais Doce, a Mariana Machado, a Sara Rodrigues; e em Espanha na Aina Simón e na María Segarra. E ainda ontem, a Diana Chaves apareceu no programa da manhã com uns colares nossos.”
Certo é que a fundadora da marca continua, oito anos depois, a produzir muitas das peças com as próprias mãos. A linha estética dos produtos, essa foi mudando ao longo dos tempos, mas mantém a matriz que as identifica. “Trabalhamos essencialmente com peças arrojadas e visualmente impactantes, coisas grandes. Não são um complemento ao look; são o próprio look.”
Lançada originalmente no Instagram, a marca acompanhou a evolução do comércio online na rede social. Haver uma venda numa semana era já um bom sinal. Depois, o crescimento fez com que fosse habitual vender pelo menos uma peça por dia. “Foi quando comecei a perceber que poderia ter ali um negócio, mais do que ser apenas algo para preencher uma necessidade pessoal”, conta. “Já em 2018 e com a Ordem dos Advogados feita, decidi que não queria continuar e que me ia dedicar a isto.”
As joias foram uma escolha inicial com base num critério prático. “Gostava de moda e as joias eram o que tinha uma barreira de entrada mais baixa, porque permitiam um menor investimento para começar o negócio”, conta. Mais difícil era adquirir a técnica que permitisse criar desenhos próprios e produzir as peças, sobretudo porque faltava experiência. “Ainda hoje, a produção das peças é maioritariamente feita por mim.”
Ao longo de oito anos, o estilo da marca apurou-se. “Ganhei mais maturidade à medida que passei a conhecer o mercado e a perceber quem eram as nossas clientes”, nota. “Sempre quis que a marca tivesse uma identidade forte. E digo desde o início: se não comprarem as peças, pelo menos que nos sigam porque acham o nosso Instagram bonito, inspirador. Sempre trabalhámos essa imagem muito cuidada, explorar o lado bom da vida.”
A verdade é que as clientes compraram. E compraram sobretudo a peça que é hoje ícone da marca, já conhecida como “a marca dos brincos Bloom”. Os brincos dourados em aço inoxidável (24,5€) em forma de flor captam a essência da Apuro e tão cedo não desaparecerão, em oposição às pequenas peças e coleções de edição limitada que vão sendo lançadas mensalmente, como anéis, brincos e colares com preços que variam entre os 20 e os 30 euros.
As vendas fazem-se exclusivamente online, embora em 2019 Catarina tenha arriscado num espaço físico no Porto, que esbarrou no fenómeno da pandemia. A loja acabaria por encerrar e a Apuro voltou ao seu habitat online — o que não significa que não possa encontrar as peças em vários mercados esporádicos, entre o Porto e Lisboa.
Carregue na galeria para conhecer alguns dos bestsellers da marca.