O mercado das encomendas perdidas chegou a Portugal em força. O fenómeno não passou despercebido aos primos Bruno e Sara Monteiro, de 18 e 23 anos, respetivamente, que, ao verem o conceito invadir a capital, quiseram levar o conceito também para o norte do País.
A estreia da Blind Shot, com a abertura da primeira loja no Porto, a 5 de março, foi um sucesso tão grande que, uma semana depois, a marca estava a ganhar um ponto de venda físico em Aveiro, na Avenida Lourenço Peixinho. Junta-se assim a espaços como a Colis Colis, em Lisboa, ou a Trevobox, no Porto.
“A expansão já estava planeada. Quando abrimos o primeiro espaço, começámos logo a receber muitos pedidos de pessoas no Instagram a pedir mais pontos de venda”, explica Bruno à NiT. O responsável afirma que têm optado por pontos comerciais estratégicos em cada um dos destinos.
Com cerca de 100 metros quadrados, esta nova morada segue a mesma estética e organização das restantes, de forma a que todas sejam identificáveis. Predominam os tons de amarelo em contraste com o castanho das caixas de madeira onde estão espalhadas todas as encomendas. “Queremos ser a marca de referência”.
A ideia surgiu durante uma viagem de família até França. Bruno e Sara descobriram um supermercado que, todos os meses, organizava uma feira com pacotes que tinham sido desviados e, no interior, podiam encontrar um pouco de tudo. Na mesma altura, surgiram os primeiros negócios a explorar esta ideia em Portugal.
O conceito mantém-se: todas as encomendas que se perderam no processo de entrega — por moradas erradas, ausências prolongadas ou recusas de receção — estão agora a ser vendidas como presentes surpresa.
A marca recolhe estas encomendas e mantém-nas fechadas. O que significa que os clientes vão poder explorar uma loja onde tudo o conseguem ver são caixas, que escolhem consoante o tamanho, o peso, ou o que imaginam estar lá dentro.
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“O que nos distingue é a experiência de compra”, acrescenta o jovem, que contou com a ajuda dos pais para arrancar com o negócio. “As pessoas sentem-se à vontade para passarem o tempo que quiserem na loja, a mexerem nas encomendas e a falarem entre si. Não há pressa alguma”, diz Bruno.
O valor é sempre ao quilo, sendo que o preço final depende da quantidade que levar. Cada quilograma, até dois quilos, custa 24,99€, sendo que, caso compre entre dois e quatro quilos, o custo passa a ser 22,99€. Se trouxer um peso acima dos quatro quilos, o valor passa a ser de 19,99€.
No interior, pode encontrar um pouco de tudo, desde acessórios a brinquedos, passando por artigos eletrónicos. Há produtos premium, como smartphones ou videojogos, mas também peças de roupa de grandes marcas, sempre por uma fração do preço. Além, claro, da diversão da descoberta.
À semelhança do que acontece com as outras marcas que trouxeram o conceito até Portugal, o máximo que pode fazer é pegar e abanar (com cuidado, pois o conteúdo pode ser frágil) para tentar perceber o que está lá dentro. Furar as embalagens para espreitar não é permitido, e muito menos abrir o pacote. Isso só mesmo depois de concluir a compra.
Com três pontos de venda já abertos — em Aveiro e Viseu, além do Porto —, Bruno e Sara querem complementar a presença em espaços físicos permanentes através do conceito de vendas relâmpago, um evento de fim de semana que vai ocorrer em parcerias com vários centros comerciais.
Quanto às próximas aberturas, os fundadores têm em mente a chegada a outras cidades do País ainda este semestre, embora não adiantem já as localizações. Porém, será sempre no norte e centro do País. “Para já, não queremos começar a descer para o sul”, conclui Bruno.
Caso seja um curioso que gosta de encontrar verdadeiros achados e peças com história, carregue na galeria para conhecer algumas lojas de roupa em segunda mão na Grande Lisboa.