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Marca D’Amor: quando jovens com deficiência criam acessórios únicos

A campanha da nova coleção especial de verão é protagonizada por modelos inesperados. Está a ser um sucesso.
O objetivo é que as utentes sejam o rosto da marca.

Nascida no coração da AIREV, uma instituição no norte do país focada em ajudar pessoas com deficiência, a Marca D’Amor distingue-se no mercado. Em causa não estão apenas as peças distintas, que vão de fios e pulseiras a carteiras, mas sim o trabalho de jovens que acrescentam uma história e valor humano às peças que as clientes compram.

“A marca nasceu com a instituição. Nós começámos a perceber que os nossos meninos com deficiência, quando entravam na instituição, tinham muitas competências e que só precisavam de ser exploradas”, conta à NiT Sara Santos, diretora-geral da marca. Vinte anos depois, o trabalho “muito tradicional, com carteiras muito simples” continua a evoluir de forma cada vez mais profissional. 

Numa fase inicial, os produtos não tinham moldes e não havia uma equipa dedicada à formação dos funcionários. Estava em falta um lado profissional, “em que vemos o equilíbrio da peça”, levando mais gente a ter vontade de comprar. Ou seja, durante algum tempo, as clientes compravam apenas para ajudar a instituição. Isto, contudo, tem vindo a mudar.

Sara, de 43 anos, explica: “As nossas colaboradoras, como vinham da área da têxtil, começaram a ensinar-lhes a fazer o ponto cruz”. Por volta de 2014, para tornar o negócio mais sério, quando começou a haver mais procura, decidiram dar um nome ao conceito: “Percebemos que queríamos deixar uma marca nas pessoas que compravam os produtos. E os artigos tinham amor”. Assim nasceu a Marca D’Amor.

Atualmente, levam até às mulheres peças que elas possam “usar no seu dia a dia com vaidade”. Também existem peças glamorosas, em prata com banho de ouro, por exemplo.

Em 2018, deram o pulo para a loja online, criando a montra para o universo criativo da Marca D’Amor: “Não poderíamos continuar com o modus operandi que tínhamos no início”.

O projeto apresenta um objetivo duplo, que não passa apenas por enquadrar-se no mercado da bijuteria. Querem preencher o desejo das clientes em terem peças únicas e que as façam sentir-se bonitas. “A criativa [da marca], Diana Castro, acrescenta um texto escrito à mão e as pessoas, quando lhes chega a peça à casa, sentem uma emoção especial. Tem uma mensagem, um cheiro e tem quem faz a peça”

Por isso, cada artigo tem o nome e um pouco da história da pessoa que o executou. É o caso, por exemplo, de Ritinha. A mulher de 25 anos revelou à NiT que gosta sempre do resultado final. A relação com os colegas não podia ser melhor. Afinal, a ajuda mútua é uma constante.

“Percebemos desde o início que era importante dar um rosto a quem faz. A marca só faz sentido porque está associada aos nossos meninos, caso contrário, não teria o sucesso que tem”, diz a diretora-geral.

À frente das câmaras

Foi com base nestes valores que surgiu o mais recente lançamento da marca. Numa coleção especial de verão, que apresenta cestas em juta e colares em tecido muito coloridos, os modelos que fazem parte da campanha são as próprias jovens que idealizaram os produtos. Cada pessoa, com a sua condição específica, mostra o orgulho sentido pelo seu trabalho. A apresentação contou, ainda, com um desfile.

“Já era uma vontade há muito tempo, principalmente nós que somos da área social. Temos enraizado em nós esta componente humana”, diz Sara, referindo a felicidade que os membros da instituição sentiram perante o convite. “Quando vendem um produto, sentem que estão a vender um produto feito por eles. Quando desfilaram, também eles sentiram esse brilho de estarem a usar as peças que eles ou os seus colegas executaram”.

O objetivo é que o papel das utentes vá muito além da confeção dos artigos, colocando cada uma enquanto protagonista do lançamento. Surgem com uma atitude empoderada e muitos sorrisos enquanto mostram o trabalho que desenvolveram de forma artesanal”.

Ritinha e Andreia são duas das modelos.

“Uma coisa que nos rege é este sentido de união e de cooperação. Trabalhar aqui é um sonho tornado real”, conclui. “É ter todos os dias um conjunto de meninos que nos abraça mal chegamos à porta, um conjunto de meninas que não têm qualquer tipo de hipocrisia ou egoísmo”.

O catálogo completo da Marca D’Amor, que oferece joalharia, artigos em pele, acessórios e produtos para ocasiões especiais, está disponível no site da marca. As peças começam nos 6€ e não ultrapassam os 25€.

 Carregue na galeria para conhecer várias das peças criadas por jovens que não deixam que a deficiência seja uma limitação.

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