Tirava botões, colocava outros, cortava tecido e transformava um par de calças numa saia. Deunia Martins cresceu a observar a mãe, em Angola, a agarrar nas suas peças de roupa e a dar-lhe os seus próprios toques. Aos poucos, também a jovem de 23 anos começou a seguir o exemplo e a modificar o que tinha em casa. “Não dava para acreditar que era a mesma peça”, conta à NiT.
O sonho de ser estilista começou quando começou a fazer os primeiros desenhos inspirados nas invenções da progenitora. Por isso, em 2017, quando veio visitar a irmã que morava em Portugal, soube que era no nosso País que queria continuar os estudos e alcançar este objetivo. Terminado o ensino secundário, lançou-se em cursos de design de moda ou modelagem.
Lançada em junho, a Mars é o primeiro passo da criativa angolana na indústria. “É uma marca que traz novidade, por isso, não quero que se tente definir o projeto ou limitá-lo a um só segmento”, explica. No fundo, é um negócio focado na produção sustentável e manual que está virado para a moda.
Como foi lançada no início do verão, a primeira coleção conta com essenciais para esta altura do ano. Biquínis, fatos de banho, roupa de praia e acessórios em tons neutros são a carta de apresentação de Deunia no mercado nacional. Mas assegura que, em breve, terá outras opções para usar nos dias mais frios do ano.
“Quero criar peças para todos aqueles amantes de um estilo minimalista, mas com um toque dramático. As mulheres podem gostar de propostas simples, mas quererem chamar à atenção”, explica. Pode ser botões especiais, bordados ou texturas que surgem de forma inesperada num desenho liso.
Para a próxima coleção, acrescenta, está a focar-se em blazers em que cada opção vai ser única devido aos detalhes. “Não vão ser super simples”, diz, mas vai manter a paleta de cores neutras, a falta de padrões e as silhuetas confortáveis com as quais a fundadora se identifica. O catálogo da marca é um reflexo do que a faz sentir confiante.
Para concretizar as peças, Deunia colabora com duas costureiras que a ajudam a produzir todas as peças à mão. Mãe e filha, há 44 e 20 anos a trabalhar na área, respetivamente, trabalham por conta própria e não hesitaram quando a jovem angolana lhes apresentou o seu trabalho.
Quanto ao nome, além de ser uma forma de abreviar o seu sobrenome, Martins, é também a tradução da palavra Marte. “Fez sentido porque o nosso conceito passa por reduzir o impacto ambiental da indústria da moda e, por isso, escolhi um dos outros planetas do nosso sistema solar”, justifica.
Todas as peças da Mars estão disponíveis no site da marca e os preços variam entre os 12€ e os 38€. Carregue na galeria para conhecer as peças.
