Lojas e marcas

Moitakk: a nova marca “de humano para humano” cheia de peças simbólicas

Os designs incluem símbolos que fazem parte da nossa memória coletiva. Cada lançamento procura provocar uma reflexão.
Foi lançada em dezembro.

Enquanto assistiam a uma série de origem finlandesa, Sheila Khan e o namorado, Paulo Silva, atentaram ao número de vezes que era usada a expressão “moi”, que pode ser traduzida como “olá”. A socióloga, que viveu durante vários anos na Noruega, reconheceu ainda a expressão “takk”, usada como forma de agradecimento.

No final do episódio, o casal já trocava olhares e usava os termos em estrangeiro, quase como se os unissem ainda mais. Nesse momento perceberam que palavras que simbolizam atos tão simples — olá e obrigado — podiam unir as pessoas “num período da história cheio de insegurança, divisões e ostracismos”, conta Sheila à NiT.

“Após alguma reflexão, pensámos que fazia falta uma marca que não instrumentalizasse as pessoas, mas que olhasse para o tempo que estamos a viver”, acrescenta. “Podíamos atravessar estas vulnerabilidades e arranjar uma forma de dizer que somos todos seres humanos.”

Ao sentirem esta vontade de partilhar novas ideias com o mundo, Sheila e Paulo partilharam o plano com vários amigos — Paulo Rodrigues, Sandrine Silva e Bruna Cunha — que, de forma entusiasta, não hesitaram em aceitar. “Houve um encontro de pessoas com uma visão muito semelhante.”

Nasceu então a Moitakk, uma nova marca lançada no início de dezembro com o objetivo de provocar reflexões. Através de peças com mensagens ou símbolos escolhidos a dedo, a equipa quer provocar reflexões e partilhar preocupações e ideias, que começam sempre com um olá cheio de curiosidade.

Enquanto Sheila é socióloga, investigadora e professora universitária, o namorado é psicólogo. Para juntar mais valências, convidaram Paulo, que trabalha no mundo da educação, e Sandrine e Bruna, ambas com experiência no universo do design.

“Queremos utilizar a roupa, algo tão comum no nosso dia a dia, como forma de criar um sentimento de acolhimento, hospitalidade e, acima de tudo, de parceria humana”, acrescenta. “Cada desenho é um convite para que não haja desconfiança ou insegurança nas outras pessoas.”

Foi apresentada no Festival Autêntica, em Braga.

Para isso, um dos primeiros desenhos foi inspirado na história de “O Principezinho”, de Antoine de Saint-Exupéry. “Estes símbolos são elementos de memória e de formação que dizem respeito a tantos de nós”, refere Sheila.

As referências vão do rosto de Frida Kahlo, “que cria um espaço de ousadia e rebeldia face a princípios morais” e a mulher do lenço, enquanto símbolo da liberdade. No fundo, é a representação da luta pela liberdade humana que, segundo a fundadora, “é todos os dias retirada em diferentes contextos políticos, sociais e históricos”.

“Escolhemos o rosto feminino porque muitas das palavras que nos definem são escritas no feminino. Humanidade, liberdade ou dignidade, por exemplo”, continua Sheila. “Queremos interagir com o tempo atual e pensámos em questões preponderantes.”

O plano é que cada lançamento traga um ou vários tópicos novos, sobretudo focados na responsabilidade social e nos valores da democracia. Porém, não querem ter limites em relação aquilo que pode ser explorado em cada produto, seja uma simples T-shirt ou um acessório.

“Cada produto será uma forma de dizer que estamos aqui. Somos humanos, falamos de humano para humano”, diz. “Não vamos usar uma linguagem mercantilizada, porque são as palavras do dia a dia que nos aquecem e dão à nossa cidadania uma nobreza maior. Só assim é que as pessoas nos conseguem entender.”

Após a estreia da marca no Festival Autêntica, em Braga, a equipa percebeu que o foco estará no online. Desde o início de janeiro, têm recebido dezenas de pedidos através da página de Instagram, onde estão a concentrar as vendas numa fase inicial. O lançamento do site está previsto para fevereiro.

“Estamos a tentar estudar o comportamento das pessoas, perceber o que querem e como reagem, para fazerem parte desta narrativa”, conclui. “E no final, despedimo-nos sempre com um “Takk”, um agradecimento sincero pela troca, seja ela qual for.”

Pode acompanhar os próximos lançamentos da Moitakk através da página de Instagram da marca. Os preços começam a partir dos 25,95€.

O design de uma das camisolas.

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