Tudo começou quando Manuela Vilas Boas, de 55 anos, se lembrou de criar bolsas para os tutores combinarem com os transportadores dos animais. A ideia da proprietária da Walking Dog, uma marca de acessórios caninos feitos à mão, tornou-se logo um sucesso. Todas as amigas queriam um modelo semelhante, mas que não fosse dedicado aos pets.
Na altura, a empresária já trabalhava com materiais como a cortiça, que usava nos arneses, ou tecidos feitos com plástico retirado dos oceanos, para criar as capas da chuva. Aos poucos, começou a perceber que podia juntar o design prático e a produção sustentável para dar resposta às suas necessidades.
“Sou uma viajante ávida e faço voos de longo curso, entre duas a três semanas. Sei quais são as necessidades que, quem viaja muito, dá valor”, conta à NiT. “A bagagem tem de ter todos os gadgets e características para podermos andar com ela na rua sem que nos falte nada.”
Em janeiro, lançou a primeira coleção da MVB — My Vegan Bags, uma marca portuguesa com malas, mochilas de viagem e bolsas de higiene feitas a partir da cortiça. O objetivo é fornecer um armazenamento amplo tanto para usar no dia a dia, como para quando precisar de viajar.
A matéria-prima, colhida na casca dos sobreiros, apresenta várias vantagens — é à prova de água, limpa-se apenas com uma toalhita e é extremamente leve. Porém, “não é um material muito desportivo”. O maior desafio foi tratá-lo de forma moderna e irreverente.
“Há uma série de marcas internacionais que estão a vender produtos fabricados com cortiça portuguesa e fazem imenso dinheiro. Por outro lado, os portugueses estão a vender imensas coisas pirosas aos turistas e que não são legítimas, enquanto os outros faturam”, acrescenta Manuela.
A marca é especializada em duas linhas distintas de produtos, a Urban e a Travel. A primeira inclui uma série de designs unissexo pensados para o quotidiano dos portugueses, como as malas para computadores portáteis. Destacam-se ainda os modelos reversíveis — têm uma cor de cada lado — e as opções ajustáveis: funcionam como carteira de mão, ombro ou mochila.
“Quando a mala se abre, adapta-se. Para quem é mãe, dá imenso jeito pegar nelas e reparar que são pequenas, mas durante o dia mete alguns objetos e alarga-se. Se queremos meter mais uma garrafa de água, podemos. E, quem as usa, sente isso e agradece.”
No caso das opções Travel, têm como grande vantagem os organizadores internos. “Podem ser removidos e são extremamente fáceis de arrumar as roupas,” explica. O resultado é uma coleção que inclui duffle bags e o produto estrela, as Xplore. “Tem as medidas de uma bagagem de mão e permite colocar roupa para quatro ou cinco dias. Pode fazer Porto a Londres sem pagar nada.”
Cada proposta é cuidadosamente feita à mão por artesãos especializados no Porto, que combinam técnicas tradicionais com um design contemporâneo. “Não são só bonitas, mas também são duráveis e funcionais”, acrescenta.
Manuela não se quer limitar apenas à cortiça e já tem outras alternativas veganas em mente. Uma das opções, que continua por explorar no mercado, é o pó de castanha. É a principal aposta para a coleção de 2025, que a fundadora se prepara para apresentar em mercados internacionais, como nos EUA e em Inglaterra.
As propostas da My Vegan Bags estão disponíveis no site da marca, com preços a partir dos 120€.
Carregue na galeria para conhecer algumas das propostas.