Quando se preparava para mudar de casa, Carolina Canas não sabia o que fazer com a quantidade de vestidos que tinha no armário. Levá-los a todos estava fora de questão, afinal, não havia espaço para a vasta coleção e deixá-los para trás também não lhe parecia bem. Foi então que o namorado sugeriu transformar o dilema num negócio.
Numa altura em que ainda não se falava no aluguer de vestuário, a jovem decidiu disponibilizar algumas propostas para quem quisesse usar peças suas em eventos. No verão de 2023, após alguns meses a experimentar este mercado, abriu o showroom da La Fripe C’est Chic, na Avenida Estados Unidos da América, em Lisboa.
O espaço funciona sob marcação, sendo que o objetivo é oferecer artigos modernos e de alta qualidade a preços mais acessíveis, com uma seleção que vai do chique e atrevido às peças mais glamorosas. O catálogo está focado nos vestidos e conjuntos dedicados às festas.
“Como visitava muitos showrooms e tinha acesso a tantas marcas, sempre achei que era uma pena, muitas vezes, haver roupa que era tão exclusiva a celebridades”, começa por explicar à NiT a fundadora, de 29 anos, que trabalha há mais de sete como stylist e produtora de moda.
Após ter-se formado em design de produto — cerâmica e vidro na Escola Superior Artes e Design (ESAD), nas Caldas da Rainha, Carolina descobriu a paixão pela moda quando fez Erasmus em Barcelona, Espanha. Na altura, tinha a ideia de criar uma marca com outros designers, mas depois descobriu o mundo do aluguer.
Apaixonada por “peças únicas e exclusivas”, Carolina junta uma seleção marcada por cores vibrantes, silhuetas arrojadas e padrões fora da caixa. Há novidades regularmente para que, alguém que visite o showroom de forma assídua, encontre sempre novos outfits e regresse na semana ou no mês seguinte.
“O que mais me diverte, além da parte da curadoria, é todo o aconselhamento”; confessa. A criativa presta serviços de styling desde o momento em que as clientes entram até ao momento pós-reserva, no qual podem mandar fotografia de sapatos e outros acessórios para terem a ajuda da jovem.
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A La Fripe C’est Chic “é um espelho” do gosto pessoal da fundadora, desde o catálogo à decoração dos showroom. Há um pufe azul, tapetes encarnados e muitas riscas que contrastam entre si, mas que combinam com a paleta presente nos vestidos expostos. “Gosto que seja um ambiente acolhedor, mas único”, revela.
Muitas das peças do espaço não são vistas apenas em festas, mas também em passadeiras vermelhas. A atriz Vera Moura usou um modelo vermelho na edição de 2024 dos Globos de Ouro, por exemplo, enquanto a atriz Filipa Areosa apareceu com um desenho estampado no Tribeca, em novembro.
“O showroom pode ser visitado por celebridades, antes de um evento especial, mas nunca será exclusiva para famosos. Qualquer cliente pode escolher estas referências que se destacaram nestes momentos especiais em figuras com visibilidade”, destaca.
Depois, pode utilizá-los não só em casamentos ou batizados, mas também para um jantar romântico, festivais de verão ou até um aniversário. “O objetivo é que cada pessoa saia com a peça perfeita para cada ocasião”, acrescenta Carolina, destacando que é na altura dos casamentos que tem mais demanda.
Embora muitos destes vestidos tenham preços entre os 500 e os 1.500€, já que são designs de luxo de marcas internacionais, como Emilio Pucci, Paco Rabanne ou Dolce&Gabanna, e etiquetas portuguesas, como Marques’Almeida ou Gonçalo Peixoto, a fundadora pretende torná-los acessíveis, já que o aluguer começa nos 30€.
É o que o próprio nome (a combinação dos termos em francês “trapo” e “chique”) sugere. No final, pode ficar com cada artigo durante quatro dias, geralmente de sexta-feira a segunda.
Devido à demanda, Carolina pretende mudar-se para um local maior. “Já tenho mais vestidos do que metros quadrados”, confessa. Por enquanto, quer aumentar ainda mais a oferta — “e o número de pessoas satisfeitas — para começar a enviar para outros países, mais precisamente Espanha.
Carregue na galeria para ver uma seleção de vestidos que pode encontrar na La Fripe C’est Chic.
