Em 2016, a brasileira Mariana Lordello chegou a Lisboa com o intuito de estudar psicologia. Desde o primeiro momento, sentiu-se profundamente inspirada pelo ambiente que a rodeava. A atmosfera vibrante, as cores, as ruas que percorria e as pessoas que cruzavam o seu caminho inspiraram-na profundamente.
A pandemia, porém, interrompeu as suas explorações pela capital. Confinada em casa, Mariana, hoje com 28, decidiu canalizar a sua energia criativa para um novo hobby: a cerâmica. As primeiras experiências com o barro, realizadas durante o período de isolamento, despertaram um interesse que se transformou em paixão.
Com o fim das restrições, inscreveu-se num curso especializado em cerâmica. “Fiquei sempre com esta ideia na cabeça de, um dia, tentar fazer isto de uma forma mais profissional. Não queria ficar apenas em casa a fazer e a vender as peças”, recorda à NiT.
O objetivo foi cumprido em setembro, quando Mariana encontrou o espaço ideal para criar um atelier. O Studio Flâneur (ainda) não é uma loja, mas é um pequeno estúdio focado no convívio que oferece workshops temáticos dedicados à cerâmica.
O nome, que significa “vagabundo” ou “observador” em francês, reflete a filosofia do projeto. “A ideia que tento transmitir é a de uma pessoa que gosta ou precisa de parar um pouco, observar o mundo, ter um momento para si e mudar a rotina”, explica. “Tinha a palavra comigo há muitos anos e sempre soube que queria este nome.”
Vinho, café ou matcha?
Mariana organiza workshops todas as semanas, a maioria temáticos. Destacam-se as chamadas Claydate Sessions, onde qualquer pessoa — quer seja principiante ou tenha alguma experiência — recebe um guia personalizado de cada passo do processo e podem criar as peças que conseguirem.
Trata-se de uma sessão privada, com cerca de duas horas e meia, que pode agendar com amigos ou até mesmo sozinho. O objetivo do estúdio é que, nas suas várias iniciativas, todos possam fazer amigos e conviver com outros aficionados por esta arte, criando um momento relaxante.
Mais virados para a socialização estão os Sip&Clay, que combina cerâmica com prova de vinhos, com opções sem álcool. Em breve, a fundadora começar a colaborar com vários wine bars em Lisboa para organizar eventos pop up e levar o conceito para fora do atelier.
Se não for apreciador de vinho, pode optar por outros workshops como o Clay & Coffe ou o Clay & Matcha. A missão é a mesma: aprender as bases desta arte num ambiente descontraído, conhecer pessoas novas ou passar um bom bocado com amigos e ainda petiscar algumas guloseimas.
Em cada curso, os interessados vão receber todos os materiais necessários, incluindo argila e ferramentas para decoração. A Flanêur cuida dos vidrados e da cozedura e, no final, as criações estão prontas para serem levantadas em três a quatro semanas.
Mariana aceita reservas de grupos com, no máximo, três elementos. Normalmente, há dois eventos temáticos por semana (ao sábado e domingo, respetivamente) além das sessões privadas que acontecem durante os restantes dias ou até ao fim de semana, quando não está a decorrer nenhuma iniciativa.
“A minha ideia sempre foi adicionar algo especial para não serem apenas aulas de cerâmica. Tinha de ser uma experiência acolhedora”, explica. Um dos workshops, por exemplo, incluiu uma aula de pilates num parque próximo ao estúdio e outro teve uma sessão dedicada ao journaling em grupo.
Este lado aconchegante da arte com barro também se reflete na decoração. Embora seja um local pequeno, Mariana idealizou-o para ser o mais confortável possível, com muitas velas, iluminação e peças únicas espalhada pelas prateleiras, todas elas em madeira.
Em breve, terá também exposta a primeira coleção autoral, na qual está a trabalhar para ser lançada em janeiro. A inspiração volta a ser a Lisboa, como acontece desde o início. “Descobri a minha identidade praticando e vendo o que funciona. Às vezes, somos bombardeados com referências nas redes sociais e é preciso equilibrar isso.”
Além disso, a criativa mantém o objetivo de criar um espaço de loja apenas para vender as peças e mostrar este trabalho. “Gostava que fosse um local onde as pessoas podem aparecer sem necessidade de fazer um workshop”, diz.
Até lá, os curiosos podem agendar as visitas ao estúdio para um workshop através do site do Studio Flâneur. Os preços variam entre os 30€ e os 40€ dependendo da sessão.
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