Lojas e marcas

Há uma marca portuguesa que transforma desperdício de tecidos em peças super giras

A New Breeze nasceu durante a pandemia e aproveita de forma criativa restos de tecidos e coleções que iriam para o lixo.
Tudo é aproveitado

A pandemia deixou muita gente sem trabalho ou sem boa parte da ocupação que tinha antes. Isso levou a que houvesse mais tempo para pensar na vida e nos sonhos que ao longo dos anos foram ficando para trás. Esse é um dos motivos pelos quais temos vindo a descobrir várias novas marcas e ideias que surgem neste tempo, tal como é o caso da New Breeze.

Maria Magalhães e Cátia Sousa, de 21 e 26 anos respetivamente, conheceram-se há cerca de sete anos na Escola de Moda do Porto. A empatia foi imediata e desde aí que ficou nelas uma ideia muito presente.

“Parecia que nos conhecíamos há imensos anos e dissemos logo que um dia iríamos trabalhar juntas e ter a nossa marca”, contam à NiT.

No final do curso acabaram por seguir caminhos diferentes, com Maria a seguir a sua formação em Londres e Cátia a trabalhar em vários ateliers e projetos. Mesmo assim, nunca perderam o contacto, perceberam que eram compatíveis a trabalhar e a pandemia acabou por juntá-las de novo.

“Durante o confinamento começámos a repensar neste sonho que estava guardado há tanto tempo. Quando fomos forçadas a parar proporcionou-nos tempo para pensar e avaliar tudo o que queríamos para o nosso futuro e para esta questão só havia uma resposta ‘queremos a nossa marca’.”

Embora tenham consciência que sem a pandemia e as implicações que ela representou talvez tivessem continuado com o que estavam a fazer, sentem que têm neste momento “um vasto entendimento de todo o processo de produção e criação de vestuário” e por isso decidiram pô-lo em prática.

Foi assim que, em dezembro de 2020, nasceu a New Breeze, uma marca casual e comercial que mantém o cunho pessoal das designers. O objetivo era mesmo ter peças que fossem facilmente compradas pelos clientes mas que ao mesmo tempo fossem únicas e criativas.

Assim, esta marca do Porto tem também a preocupação com a sustentabilidade e por isso tenta alterar o curso de uma indústria tão poluente como é a da moda. Para consegui-lo, utilizam produtos 100 por cento nacionais, com qualidade e apoiando pequenos negócios. E não fica por aqui.

Todas as peças são quase únicas — mesmo que esteja ainda em aberto a possibilidade de criar coleções e peças exclusivas — e isso deve-se ao facto de a sua confeção ser feita com materiais antigos que de outra forma iriam para o lixo, como restos de tecidos e coleções descontinuadas. Até o desperdício das suas peças é guardado para que mais tarde integre outras criações.

A produção é feita em pequena escala e há sempre um controlo e acompanhamento de todo o processo. Além disso, as peças são feitas com a maior qualidade possível para que os clientes não tenham necessidade de comprar novas peças porque aquelas se estragaram. Assim estão também a poupar o ambiente no fabrico de novas peças.

Embora pareça, nem tudo tem sido fácil, principalmente porque criar uma marca em tempo de pandemia traz desafios acrescidos.

“Como a nossa vida em geral está mais parada, mesmo a vida social, acabamos por nos focar ainda mais nisto e dedicar quase 100 por cento do nosso tempo a este projeto e sonho. No entanto existem vários obstáculos à execução do nosso trabalho, tudo se torna mais demorado, nunca sabemos ao certo como tudo se processará, quando temos de entrar em confinamento, as visitas a fornecedores são sempre mais difíceis de arranjar, todo o material necessário para a execução das nossas peças é sempre mais demorado tendo em conta que nem todas as empresas estão a trabalhar a 100 por cento.”

Isto a juntar ao facto de serem apenas as duas a gerir tudo, desde o desenho das peças e escolha das cores e formas até às páginas de Facebook e Instagram da marca, passando ainda pela gestão do site. Mas tudo tem um propósito, até o facto de fazerem as suas publicações em inglês quando de trata de uma marca inteiramente portuguesa.

“Queremos desde já começar a criar e possibilitar o conhecimento da nossa marca e de Portugal no estrangeiro e em geral torna-se mais fácil traduzir a língua inglesa, tornando assim o nosso contacto com o público mais universal.”

As peças, disponíveis tanto para homem como para mulher, podem ser compradas através do site da marca e têm preços que vão desde os 25,99€ aos 125€. A mais recente é uma mini coleção de roupa desportiva.

ÚLTIMOS ARTIGOS DA NiT

AGENDA NiT