Se passar na rua Dom Frei Caetano Brandão, em Braga, poderá ter alguma dificuldade em identificar aquilo que distingue o novo salão cabeleireiro da cidade de todos os outros que existem pelo País. Terá de entrar na porta 76 para descobrir um mundo de colorações capilares 100 por cento vegetais. Sim, leu bem.
No Biocoiff, aberto de 6 de dezembro, fazem-se todos os serviços habituais num espaço deste género. Só que, em vez de lhe aplicarem tintas, bálsamos ou champôs químicos, que podem ter acarretar riscos para a saúde, todos os produtos utilizados são feitos à base de plantas. É verdade. A possibilidade de desenvolver irritações cutâneas, queimaduras, descamação ou ainda queda de cabelo na sequência dos tratamentos será ínfima. Quem o garante é Alda Fernandes (45 anos), a proprietária do espaço.
É mesmo ela quem vai encontrar quando lá entrar. Mas prepare-se: irá sentir-se noutra dimensão. Num estúdio onde a madeira e as plantas ganham protagonismo, reina a tranquilidade. “Os nossos clientes chegam aqui para relaxarem, para passarem um bom momento”, conta Alda. Além das três cadeiras na zona de lavagem do cabelo e de outras três na zona de corte e de secagem, há uma área de de espera em tons de verde e castanho. É sentado num dos sofás de veludo que vai puder fazer um diagnóstico — totalmente gratuito — antes de avançar com qualquer procedimento. Dependendo do número de perguntas que tiver, esta espécie de consulta pode demorar cerca de 20 minutos. O melhor é que não precisa de agendar este momento de discussão.
Decidido o serviço a fazer, dependendo daquela que melhor se adequar a seu estilo e ao seu passado capilar, passa então para a execução. Entre tratamentos hidratantes, fortificantes, cortes e brushings, há uma técnica que tem sido bastante procurada pela sua diferenciação: a balayage de argila (entre os 68€ e os 82€ , dependendo do comprimento do cabelo).“É ética e responsável, sem PPS, SLS, EDTA, amoníaco, resorcinol, parabenos, persulfato de sódio. Ou seja, o seu consumo não prejudica o planeta”, explica-nos a cabeleireira.
“Temos também uma gama de produtos para complementar os cuidados capilares bio em casa: champôs, condicionadores, óleos secos, bálsamo de jasmim ou rosa e ceras orgânicas vegan e certificadas. Uma lógica que se estende aos cuidados de mãos, que em breve serão também 100 por cento naturais”, acrescenta Alda Fernandes. Todos os produtos chegam de França — uma origem que não foi escolhida por acaso.
A profissional de 45 anos reside em Braga, mas nem sempre foi assim. A portuguesa foi viver para França com dois anos, voltou a Portugal aos seis e aos 12 tornou a voar para o país de Edith Piaf. Aos 43 decidiu que estava na altura de regressar à região de onde é natural, mas não veio de mãos a abanar.
A trabalhar como cabeleireira desde os 16 anos, a empreendedora diz-nos ter passado por vários salões em França até conhecer o Biocoiff, o conhecido grupo de cabeleireiros bio francês. Porém, só quando a marca comprou um dos estúdios onde trabalhava e já estava “prestes a vir embora”, quis conhecer melhor o mundo das plantas.
“A história do Biocoiff não podia ser mais interessante”, conta-nos. Tudo começou em 2005, quando Charley Assoun criou o primeiro salão de cabeleireiro orgânico e vegetal em Paris. “Apaixonado por plantas e pelos seus poderes, desenvolveu uma especialidade em plant based colors que hoje é reconhecida mundialmente”. Essa paixão levou Charley e os seus filhos a desenvolverem champôs e tratamentos orgânicos exclusivos para completar a sua gama de cores.
“Após anos de investigação e de sucesso em França, com centenas de profissionais formados sob o nosso método, os resultados estão à vista e quem experimenta este novo tipo de coloração percebe que os pigmentos não só cumprem a função de pintar o cabelo, como contribuem para a melhoria da qualidade da saúde do cabelo como um todo. Hoje o Biocoiff é um conceito completo de salão de cabeleireiro com produtos 100 por orgânicos, sem químicos e com embalagens totalmente ecológicas”, lê-se no site da marca.
Depois de satisfazer a curiosidade inicial, Alda resolveu aprofundar o conhecimento sobre o conceito e acabou por ficar a trabalhar no grupo. Dez anos depois, sendo que durante seis dos quais dirigiu um dos salões da insígnia, propôs trazer o conceito para Portugal. “Estava decidida a regressar, mas não queria abandonar esta vertente de que tanto gostava.”
Em março de 2022 chegou, e, depois de pesquisar e procurar, escolheu Braga para abrir o seu primeiro negócio. “É uma cidade dinâmica, perto do Porto, do mar, da montanha e da minha família. Achei que era uma boa alternativa para começar”, esclarece.
Os produtos do primeiro salão Biocoiff em Portugal chegam diretamente do sul de França. É lá que são produzidas as gamas com certificação bio, vegan e cruelty free.
“As plantas são cultivadas em terrenos na Índia, sem produtos químicos e são depois apanhadas à mão, assim à moda antiga, sem máquinas, sem nada. Posteriormente, são postas a secar e moídas.” No salão, Alda só precisa de fazer a mistura, chegar à cor escolhida e misturar o pó com água quente. Depois de aplicado o pigmento, o calor trata do resto — ao fim de três horas, no caso dos cabelos mais longos, o processo fica concluído.
“Existe uma frase famosa que diz que é preciso sofrer para ser bonito. Na Biocoiff discordamos completamente disso. O belo deve ser agradável para o corpo, para a mente e para o planeta. Beleza, saúde e meio ambiente são totalmente compatíveis e andam juntos”, realça a proprietária do novo espaço.
Carregue na galeria para ficar a conhecer melhor o primeiro cabeleireiro 100 por cento bio de Portugal. No novo espaço de Braga pode fazer um corte de cabelo ou uma coloração, mas também tomar um café e chá orgânicos enquanto ouve uma meditação guiada.
