5 de julho de 1946. Esta terá sido a data em que o primeiro biquíni foi apresentado ao mundo. O modelo, desenhado pelo francês Louis Réard, foi apelidado de “bikini”, na língua inglesa, devido ao Atol de Bikini, uma ilha de coral no Oceano Pacífico onde foram realizadas explosões atómicas experimentais, na época. De acordo com Réard, a nova peça seria particularmente explosiva.
Porém, ao contrário do que seria esperado, o fato de banho de duas peças não foi bem recebido ao início. No entanto, em 1957, quando a atriz francesa Brigitte Bardot surgiu no Festival de Cannes com um biquíni de duas peças florais, a perceção sobre o modelo, mudou. Seguiram-se Marilyn Monroe e Esther Williams, que também quiseram arriscar com este modelo.
Mónica Silva inspirou-se no marco histórico que revolucionou a moda de verão para criar o mote da primeira coleção da marca AEKAI Appareal. A arquiteta, natural de Coimbra, mudou-se para Lisboa com o namorado, em 2022, com esperança de encontrar boas condições de vida. Ao final de dois perceberam que a confusão, o ritmo e os preços praticados na capital iam impedir esse objetivo. Trocaram a agitação citadina pela serenidade do campo, ao mudarem-se para o meio das vinhas, numa aldeia em Vila Real.
“A família do João [o namorado] é de cá e a casa da avó estava desabitada. Acabámos por mudarmo-nos e tem sido incrível”, diz à NiT a empreendedora de 39 anos, que acabou por se inspirar na plenitude da zona para dedicar-se a algo que antes fazia como hobby.
Há vários anos que Mónica criava os próprios biquínis, depois de fazer um curso de costura na escola da Maria Modista. Com mais tempo livre, acabou por pensar em usar o talento para um negócio mais sério e desafiou o namorado, João Borges, a embarcar na aventura.
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“Consigo estabelecer uma certa semelhança entre o design de moda e arquitetura, porque em ambos existe um conceito, design e proporções”, explica a arquiteta. Começou por pensar, primeiro, em dois padrões e depois contactaram empresas de materiais sustentáveis para conseguir tecidos recicláveis.
Desenhou os modelos, fez os moldes, cortou e coseu tudo de forma artesanal. “Uma das prioridades era manter os valores de sustentabilidade e ecologia, por isso lancei-me numa pesquisa e consegui encontrar as licras num fornecedor italiano e as copas numa empresa alemã. Tudo o resto é nacional”, admite.
A primeira coleção foi lançada 28 de abril e conta com dois modelos de um padrão pensado em três combinações de cores diferentes — rosa e laranja, amarelo e azul e lilás e azul. “Chama-se 1946 porque foi o ano de lançamento do primeiro biquíni e o estampado foi pensado também como homenagem a um dos mais usados no meio marítimo, o breton”, explica.
No entanto, não espere vê-los por muito tempo no site. Como a fundadora explica, o objetivo será ter sempre padrões exclusivos. “Criámos um ou dois padrões por estação e é limitado àquela época. Quando acabar, passamos para outro”, diz. A próxima linha da AEKAI, que herdou o nome de uma palavra havaiana que significa “onde o mar encontra a terra” será lançada no final de junho.
Os biquínis são feitos à mão por Mónica com a ajuda de João, que, embora não saiba coser, tem aprendido a fazer remates e trata da parte financeira. Em breve, se a produção aumentar, a arquiteta não descarta a hipótese de contratar outra costureira, ou entregar a produção a uma fábrica que siga os mesmos valores da marca.
As peças estão disponíveis online, no site da marca e os preços variam entre os 29,90€ e os 35€ para os tops e os 22,90€ para as cuecas. Em breve haverá modelos com tons de vermelho e azul e outros azuis e rosa.
Carregue na galeria para conhecer alguns dos modelos disponíveis.