LET'S ROCKO pai é cenógrafo e a mãe escritora. Malik Zamorano cresceu, naturalmente, numa casa onde a arte fazia parte do dia a dia. Esse gosto ficou enraizado e decidiu, ele próprio, seguir essa área. Há cerca de seis anos começou a trabalhar como tatuador em estúdios de amigos e conhecidos — tanto em Portugal como noutros países da Europa, desde a Alemanha à Suíça. A 19 de maio, inaugurou o Numa Studio, no Saldanha, em Lisboa.
O espaço caracteriza-se como “um estúdio boutique de tatuagem de luxo”. Malik não podia estar mais feliz. “A tatuagem é algo que me chamava a atenção mesmo antes de saber que um dia trabalharia nisso”, conta o artista, de 35 anos, à NiT. Sempre achou a estética bonita e interessava-se pela forma como as pessoas usavam o corpo como tela.
Após ter concluído o percurso académico — formou-se em Artes Visuais na Universidade Lusófona — não sabia bem o que fazer, mas lembrou-se das linhas que sempre o tinham cativado. “É uma forma de arte direta entre o artista e o recetor e podia-me expressar e ter uma conexão mais direta com os clientes. Era precisamente isso que queria”, contou Malik, natural de Rio de Janeiro, que vive em Portugal há mais de 15 anos.
Abrir o próprio estúdio era um sonho que tinha desde cedo, mas, durante muito tempo, decidiu que o melhor seria trabalhar para outros artistas. Começou a sentir-se preparado para ter o próprio negócio depois de ter estado em estúdios na Alemanha, que afirma ser um “laboratório”, graças à grande procura e abertura dos clientes para as ideias dos tatuadores. “Diziam que confiavam em mim e davam-me muita liberdade artística. Lá tive um grande impulso na minha carreira e estudos”, recorda.
Tudo o que aprendeu é agora posto em prática no Numa, onde existe uma colaboração próxima entre Malik e os clientes. “Eles trazem a ideia e, a partir daí, tentamos elaborar a arte e transmitir o sentimento que procuram. Hoje em dia, a tatuagem tornou-se em algo muito genérico — muito fast food e Pinterest. Queria aprofundar novamente a relação com o cliente e costumam confiar muito em mim. É esse o meu trabalho”, realça.
No Instagram descreve o conceito como uma “experiência luxuosa”, algo que se reflete “no bom atendimento” e no acompanhamento — após concluir a sessão, é-lhe dado um kit com pomada. Depois terá de voltar ao estúdio para ver se a cicatrização está a correr conforme o esperado. O próprio espaço, afirma o fundador, ajuda a tornar a experiência ainda melhor.
“Tem um ambiente mais de spa com serviço de café, bebida e comida. É mais confortável e humano”, descreve. Além disso, as luzes e as paredes são claras, para ir contra a tendência das decorações mais escuras que, normalmente, são associadas aos estúdios de tatuagens.
Também foi por isso que decidiu abrir na zona do Saldanha, visto que ali “não existia nada deste estilo”. “Também é uma área mais nobre da cidade e queremos introduzir esta arte nesse universo.” Quando as pessoas passam por ali, ficam sempre surpreendidas. “Conseguimos chegar a um público que, normalmente, não estaria a pensar em fazer uma tatuagem.”
O preço mínimo é de 80€, mas, naturalmente, o valor aumenta conforme o tamanho, a complexidade, o estilo, o tempo que demoram a estar concluídas e o local do corpo escolhido. O estúdio conta com vários artistas a trabalhar, especializados em estilos como a linha fina.
No entanto, uma coisa é sempre garantida: “Consigo pegar em sentimentos complexos e simplificá-los através de linhas delicadas”, aponta o brasileiro. O seu principal objetivo é conseguir retratar a complexidade da vivência dos clientes através da “simplicidade dos traços”.
“Procuro sempre a precisão e a qualidade do detalhe porque vão carregar aquilo para o resto da vida. Temos de respeitar a pele das pessoas”, afirma.
Carregue na galeria e conheça melhor o espaço, assim como algumas das tatuagens que Malik Zamorano já fez.
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