Quando emigraram para França, em 2012, Stephanie Dias Abreu e Michael Abreu tinham um simples objetivo: queriam oferecer à filha, acabada de nascer, a qualidade de vida que não conseguiam alcançar em Portugal. O que o casal vimaranense não imaginava é que viria a tornar-se responsável por um dos espaços mais prestigiados do país.
A loja Femina Lingerie, especializada em roupa interior feminina, foi eleita a melhor do setor. No concurso Top 100 Boutique Awards, que aconteceu a 29 de janeiro, em Paris, receberam o Prémio de Excelência entre uma lista que contava com uma centena de negócios.
“[O reconhecimento] foi inesperado. Foi muito emotivo para mim, porque estou no mercado de lingerie há apenas dois anos”, conta à NiT Stephanie Dias Abreu, de 36 anos. “Tenho colegas que estão no setor há muito mais tempo do que eu e a vitória é internacionalmente reconhecida.”
Ambos são filhos de pais emigrantes, que emigraram jovens para França, onde acabaram por nascer. Apesar do percurso semelhante, foi em Portugal que a jovem conheceu o atual companheiro, de 39 anos. “O meu marido trabalhava num restaurante em Guimarães que os meus pais frequentavam”, recorda.
A vimaranense, por sua vez, trabalhou durante sete anos numa loja de retalho até perceber que não estava satisfeita: “Não conseguíamos ir mais além. Tínhamos vontade de construir algo mais porque, com tudo o que fazíamos, ainda não ganhávamos o suficiente”.
Entretanto, começaram a equacionar várias hipóteses e Michael Abreu recebeu uma proposta para trabalhar na Suíça. É precisamente na fronteira entre França e o país helvético, na cidade de Pontarlier, que os empreendedores abriram a loja — uma oportunidade que surgiu sete anos mais tarde, em 2019, quando voltou a dar à luz.

“A loja já existia há 66 anos e a pessoa que me cedeu o espaço já o tinha há quatro décadas. Antes dela, tinham ainda existido outras pessoas”, avança a responsável. “Como estava em licença de parto, a vontade de criar o meu próprio negócio aumentou e foi aí que fiquei a saber que a dona ia reformar-se.”
O desejo teve de ser adiado e a reabertura da Femina só aconteceu em 2021, quando os sucessivos confinamentos, forçados pela pandemia, deixaram de ser uma realidade. Como a loja tinha sido remodelada cinco anos antes, e a fórmula estava lançada, não foram precisas muitas mudanças.
Porém, um dos fatores diferenciadores é a constante aposta nas novidades, de diferentes marcas. Ciente da necessidade de aumentar o leque de oferta, Stephanie acrescentou mais três marcas ao catálogo: a Charmeil, a Andres Sarda e a Simone Pérèle.
Ao entrar-se no número 60 da Rue de la République, onde está situado o negócio, os visitantes são recebidos por um ambiente caloroso. Os tons muito claros, como o branco e um rosa suave, contrastam com apontamentos de madeira. Uma atmosfera feminina que, apesar da dimensão, proporciona uma experiência intimista.
“Em relação a todas as lojas que podem existir em França, esta é bem maior. Temos 300 metros quadrados enquanto as outras, normalmente, não ultrapassam os 50”. Além deste fator diferencial, o negócio distingue-se pela assiduidade nas redes sociais e pelo atendimento muito próximo das clientes.
Todos estes foram fatores que valeram a nomeação para os prémios, que avaliam todas as boutiques do território francês. A vasta lista é avaliada de acordo com critérios como a qualidade do serviço, apresentação visual, merchandising e assiduidade de compras.
De seguida, existe uma sondagem junto dos clientes e são selecionadas as 100 melhores. Só na noite da gala, que este ano aconteceu no Hotel Gabriel, em Paris, é que são distribuídos os prémios de excelência.
“Há sempre algo a melhorar. Ainda estamos na fase de apalpar terreno e ver o que funciona melhor”, conclui Stephanie. “A partir de agora, a evolução passa por ter mais lojas com o nome Femina e abrir uma em Portugal, porque não há muita oferta de certas marcas no País.”
Carregue na galeria para ver alguns exemplos de peças que pode encontrar na loja.