Nos últimos anos, Carlos Costa (de 46) e Hélia Santos (42) têm percorrido os mercados da Margem Sul com as cerâmicas Ó Da Casa, o negócio que fundaram em 2019. As bancas atraem clientes de todo o País: alguns chegam de Barcelos de propósito para escolherem as melhores loiças do casal, escolhidas a dedo em fábricas nacionais.
Atualmente, a Ó Da Casa participa em cinco mercados mensais a sul do Tejo: Azeitão, Abrunheiras, Pinhal Novo, Coina e Corroios. A marca tornou-se uma referência devido à qualidade das cerâmicas que vende e, com centenas de seguidores e partilhas nas redes sociais, conquistou uma clientela fiel.
O sucesso motivou a abertura da primeira loja física da Ó Da Casa, a 12 de agosto, nas Caldas da Rainha. “Recebíamos clientes de Torres Vedras, Mafra, Leiria ou Coimbra, que tinham que fazer grandes deslocações. Na verdade, chegam de todo o País”, explica Hélia à NiT. “Sentimos a necessidade de encontrar uma solução para alcançar mais pessoas que ainda não nos conhecem ou que nos seguem, mas vivem longe.”
Com aproximadamente 80 metros quadrados, o espaço está organizado por cores. As prateleiras, elaboradas com materiais reciclados, incluem divisões para peças pretas, tons neutros e um canto dedicado a propostas coloridas, facilitando a busca dos clientes por aquilo que desejam.
“Aqueles que nos visitarem encontrarão um ambiente pensado à nossa imagem. Estarei eu, o Carlos ou uma das nossas filhas, oferecendo o mesmo atendimento e variedade que nos tornaram conhecidos”, salienta Hélia.
Porém, a oferta terá algumas diferenças. Ao contrário dos pacotes vendidos nos mercados — onde um conjunto de três pratos pode ser adquirido por 5€ — na loja, os artigos serão vendidos individualmente. Contudo, os preços serão ajustados, com cada uma das três cerâmicas a custar 1,5€, permitindo assim uma poupança.
Nas prateleiras, encontrará ainda jarras, com preços médios de 5€, e uma vasta seleção de artigos de decoração que raramente ultrapassam os 20€. Não faltarão taças, travessas, copos, saladeiras e as famosas andorinhas coloridas em diferentes cores e tamanhos.
“Optámos por manter a variedade, a qualidade e os preços,” garante Hélia. “Mas iremos oferecer loiças mais específicas que têm sido muito requisitadas e que vão além do que se usa à mesa.”
Ver esta publicação no Instagram
Todas as peças disponíveis são excedentes de fábricas localizadas nas Caldas da Rainha, Alcobaça e Aveiras, que o casal adquire em grandes quantidades. “Existem peças que são de segunda escolha e outras que obtemos de um artesão da região que produz artigos de primeira qualidade”, explica Carlos.
“Procuramos ter um pouco de tudo, pois recebemos clientes de todos os grupos etários.” Desde as clássicas loiças em forma de couves até opções mais minimalistas, com linhas depuradas e tons claros, a oferta divide-se entre cerâmicas tradicionais e aquelas que atraem um público mais jovem.
Como tudo começou
O casal das Caldas da Rainha chegou a ter um negócio na área da cafetaria, mas decidiram regressar às raízes e apostar na tradição. Afinal, a região onde nasceram é conhecida pela produção cerâmica, como as icónicas “Caldas” de Rafael Bordalo Pinheiro ou as faianças.
Quando os pais de Carlos começaram a fazer mercados em 1999, ele começou logo e a ajudá-los no negócio de família. Porém, só em 2019 é que decidiu arriscar com a mulher e fazer as suas próprias vendas. Volvidos três anos, deram um nome ao projeto e lançaram-se no digital.
“As pessoas procuram-nos pela simpatia, mas também pela relação entre qualidade e preço”, afirmam à NiT. “Sem que estivéssemos à espera, começámos a ter muitas pessoas a divulgar a nossa página e a ter muitos seguidores que se tornam fiéis porque gostam de nós.”
A decisão de não vender por encomenda é fácil de explicar. “Já tivemos a experiência e correu mal, porque as peças chegam partidas”, diz Carlos. “E gostamos de ter o contacto com o público, de responder a todas as questões e mostrar cada artigo.”
Até ao momento, ainda não encontraram nenhum mercado em Lisboa onde possam participar. “A maioria foca-se em moda e acessórios”, refere, mas é uma opção que não excluem se surgir a oportunidade.
Porém, a distância não é um problema para quem está atento à agenda da Ó Da Casa para descobrir quando é o mercado seguinte. Se der chuva para o dia, Carlos e Hélia reparam que as pessoas vão ter com eles sem fazer caso do mau tempo. Essa é uma das motivações para os dias longos.
Dado o sucesso, o casal tem equacionado formas de fazer as vendas por correio. Até lá, vão continuar a ir ao encontro dos clientes — da mesma forma que eles têm ido ao encontro da Ó Da Casa nos últimos anos.
Pode acompanhar a agenda mensal da Ó Da Casa através da página de Instagram da marca.
Carregue na galeria para ver exemplos de algumas das peças que pode encontrar.