As publicações virais sobre o “maior armazém de louças portuguesas vendidas ao peso” no nosso País multiplicam-se. Alguns dos vídeos partilhados nas redes sociais já somam quase 2 milhões de visualizações. Entre outras coisas, são elogiadas as cerâmicas “diferentes”, “sem defeitos” e “muito variadas” da Cakus Outlet.
“Trouxe cerca de 10 peças e só paguei 22,50€”, explicou a criadora de conteúdos Beatriz Vilas, na sua página de Instagram. A jovem é apenas uma das milhares de pessoas que percorrem quilómetros para encontrar uma oferta que, até então, só estava disponível em Esposende.
Após o sucesso do primeiro espaço físico, a Cakus estreou-se na Grande Lisboa. A nova loja da marca abriu portas este domingo, 7 de julho, na Avenida Infante Dom Pedro, em Alverca. Todos os artigos estão espalhadas por 300 metros quadrados e têm um preço único: custam 3,5€ por quilo.
“Desde que lançámos este conceito, começámos a pensar em abrir outros pontos e fazia todo o sentido começar por Lisboa”, conta à NiT o fundador, Nuno Costa, de 46 anos. “Não conseguimos estrear-nos no centro, mas o mais importante era ficarmos mais próximos das pessoas que adoram estas cerâmicas.”
No dia da estreia, o espaço recebeu mais de 600 pessoas para conhecer a loja, que foi inaugurada através de um parceiro do grupo. A ideia, explica, é ampliar a área da mesma forma que o fizeram no espaço original. Neste momento, já têm mais de mil metros quadrados com mercadoria.
Apesar da deslocação, o conceito “não mudou rigorosamente nada”, reforça o proprietário. Quando recebe uma paleta de material, metade vai para Lisboa e a outra metade segue para Esposende.
Ali pode encontrar tudo o que precisa para a mesa — pratos, travessas, tigelas, copos, canecas, entre outros. São artigos “que estão no topo mundial em termos de qualidade” e cujo preço de venda original é muito superior. Numa loja “normal”, o preço de um prato, em tudo semelhante aos disponíveis ao quilo, pode variar entre os 18 e os 50€.
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“É um conceito low cost para os clientes. Quando comecei a abordar fábricas, muitas tinham dificuldade em escoar de segunda produtos com defeitos impercetíveis”, acrescenta. “Como trabalham com grandes marcas mundiais, fazem produções muito grandes e há sempre excedentes.”
Neste momento, o foco da Cakus são as loiças em grés, “porque estão na moda não só em Portugal, mas sobretudo nos EUA”, reforça. Sobre o preço “extremamente competitivo”, reforça: “É acessível a qualquer pessoa. Tanto pode comprar um prato de 1 quilo e pagar 3€, como 10 de 100 gramas e pagar o mesmo.”
A única exceção são as chávenas de café — que não são vendidas ao quilo. “As grandes empresas não querem fazer, porque são muito pequenas e têm muitas quebras”, explica. Então, Nuno optou por produzir modelos personalizados, vendendo-os à unidade por 3€.
Como tudo começou
Nuno cresceu no mundo das cerâmicas. Ainda estudava quando se juntou à empresa familiar em Barcelos — a Irmãos Macedo Costa —, onde começou a trabalhar com artigos decorativos. Aos poucos, o agente comercial foi criando uma rede de contactos que inclui várias marcas europeias deste segmento.
Um dia, foi abordado por um cliente espanhol que estava com dificuldade em arranjar louças a preços low cost. “Com os conhecimentos que já tinha, comecei a procurar produtos mais específicos para esse empresário do norte ao cento do País”, explica. E passou a focar-se na função mais utilitária das cerâmicas.
À medida que o negócio foi crescendo, juntou-se ao amigo João Pedro Silva, de 36 anos, que trabalhava na comercialização de têxteis. Ambos queriam criam explorar um segmento que ainda não era trabalhado em Portugal. Em agosto de 2023, abriram a Cakus no distrito de Braga.
“Queremos levar a cerâmica portuguesa para os nossos restaurantes, hotéis e para as casas dos portugueses”, sublinha. E, mesmo que existam cada vez mais concorrentes nesta área, não tem dúvidas: “Os excedentes não vão chegar pata toda a gente, mas nós comprámos enormes quantidades em todas as fábricas portuguesas.”
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Apesar de já se destacar pela oferta, o proprietário deseja continuar a expandir o negócio. Neste momento, Nuno está em negociações para levar este conceito até ao Algarve, mais precisamente Albufeira, com abertura prevista até setembro. O objetivo é chegar aos principais pontos do país.
“A loja também está a ter muita procura entre emigrantes. Já estamos a vender para Angola e Moçambique e temos propostas para abrir na Suíça ou na Alemanha”, afirma. O futuro passa pela internacionalização, com o plano de abrir com parceiros de França e do Reino Unido, por exemplo.
O fenómeno já ultrapassou as fronteiras nacionais. Quase sem que ninguém percebesse, milhares de estrangeiros descobriram o encanto das lojas outlet que vendem louças portuguesas. É nos corredores labirínticos de espaços como a AlouZa — que já lhe apresentámos neste artigo — que os amantes de decoração encontram milhares de peças de qualidade a preços irrisórios.
Apesar da tendência, Nuno tem a certeza de que possui a oferta mais completa em Portugal para aqueles que apreciam o conceito da marca. A prova disso são os vídeos que mostram este paraíso das louças cada vez menos escondido: “Há muita cor, muitos tamanhos e muita textura. As pessoas precisam de se perder dentro da minha loja.”
Carregue na galeria para ver exemplos de algumas das peças que pode encontrar no novo armazém Cakus Outlet, em Alverca.
