Em 2013, Carlos Silva experimentou fazer a primeira venda de garagem no jardim de sua casa. A partir daí, a paixão por móveis antigos foi crescendo gradualmente e, no ano seguinte, o antigo vice-presidente de um banco começou a ocupar as horas de almoço na busca por novas peças em lojas de mobiliário em Lisboa.
Nessa altura, conheceu o arquiteto Ivo Mateus, que tinha acabado de regressar de Angola, através de uma tia que ajudava Carlos a recuperar as peças que encontrava. Bastaram algumas conversas para que se começasse a desenhar a ideia de abrirem o Cantinho do Vintage.
O primeiro espaço a nascer foi um enorme armazém na zona de Marvila, em Lisboa, onde deram os primeiros passos. Em 2021, após alguns anos passados a crescer na Rua do Açúcar, a dupla decidiu levar o conceito até um novo espaço no Prior Velho, junto ao aeroporto de Lisboa, com mais de nove mil metros quadrados.
Apesar do sucesso dos últimos quatro anos, sentiram que estava na altura de regressar a casa. E assim foi, com a abertura de uma nova loja no 8Marvila, o famoso pólo cultural de Lisboa, em maio. O objetivo desta expansão, segundo a marca, é aproximar-se dos clientes portugueses na sua procura “por objetos únicos e com história”.
“Havia uma necessidade de voltar a comunicar com aquela franja de clientes que vão passeando pelo centro da cidade e que, de repente, veem uma loja com coisas apelativas e bonitas. Depois, descobrem que existe muito além daquilo que vemos à primeira vista”, começa por explicar Ivo, à NiT.
Como é habitual, o novo ponto de venda inclui uma vasta seleção de design, entre as quais mobiliário, iluminação e pequenos objetos de decoração, que vão desde louças a jarras, por exemplo. A mistura de cores, texturas e padrões torna-se notória assim que se entra neste espaço.
Porém, por se tratar de uma morada mais pequena, com cerca de 40 metros quadrados, a curadoria foi pensada de forma estratégica. “Tentámos adaptar a oferta à realidade do público que visita Marvila atualmente e há uma grande percentagem de turistas”, acrescenta. “A maioria são artigos de pequena dimensão que se podem levar nas malas.”
O que não mudou é a seleção do “melhor do estilo vintage e industrial e do design nórdico em decoração”, chegando diretamente da Dinamarca, Noruega, Suécia, Alemanha e Bélgica. Mas também há espaço para artigos nacionais, revelam à NiT. As peças com a assinatura da marca Vintage & Friends estão entre o “urbano e campestre, clássico e moderno, divertido e requintado”.

A oferta complementa tudo aquilo que os clientes encontram na loja principal onde, todas as semanas, recebem um camião TIR carregado de mobílias de inspiração nórdica, que vão comprando a vários fornecedores espalhados um pouco por toda a Europa. Ainda assim, há uma amostra variada dos achados que motivam os dois sócios, desde o início.
“Em dez pessoas, duas conhecem-me, e dez conhecem o Ivo”, diz Carlos Silva. “Ele adora todas as peças, conhece tudo como a palma da mão e cada peça nova que vê gosta mais do que da anterior.”
No caso de Carlos, foi o seu gosto por viagens, aliado a tudo o que é o universo vintage, que o levou a desenvolver este projeto. Além disso, teve muita dificuldade em encontrar peças bonitas, em condições e a bom preço para decorar a sua própria casa. “Como gosto muito de negociar, por vezes chegava a um armazém e queria só duas peças, mas só me vendiam o lote inteiro”, recorda.
“A partir daí, fui ficando com peças em excesso que guardei em armazém, até que me pus a pensar ‘porque não vender isto?’, foi então que comecei a pôr anúncios online, criei um blog e fomos crescendo.”
Além de terem o espaço onde vendem mobília vintage, já exploraram outros projetos. Um ligado a compra e aluguer de apartamentos, que vão remodelando e decorando com as mobílias do Cantinho do Vintage, o Unik, e outro projeto em que alugam algumas das suas peças para produções de cinema ou televisão, inclusive anúncios como os da NOS.
Ao longo dos anos, o spot também se tornou conhecido pelas vendas de garagem só com móveis vintage, com peças que vão dos anos 20 aos anos 80.
Agora, o objetivo passa também por encaminhar os turistas que visitam este polo cultural, onde a marca se acaba de instalar, para a rua onde está instalado o principal armazém da Cantinho do Vintage. “No fundo, esta vila ainda é a nossa segunda casa, mas queremos que conheçam a nossa outra morada”, conclui Ivo.
Quanto a preços, depende sempre do tipo de peça que quiser comprar. Regra geral, um brinquedo ou uma placa metálica custam cerca de 10€, já a peça mais cara, uma mesa em Pau Santo, pode custar cerca de 850€ ou 900€.
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