Se, nos últimos tempos, basta abrir as redes sociais para nos depararmos com dezenas de vídeos de vasos de barro a serem decorados com padrões florais, o cenário nem sempre foi assim. Em 2012, muito antes da febre da cerâmica se ter instalado em Portugal, Marta Gaudêncio cruzou-se com espaços dedicados à pintura destas peças, quando se mudou para Londres, no Reino Unido — e soube logo que queria trazer o conceito para cá.
O plano, porém, ficou em stand-by até recentemente. “Após ter sido mãe, comecei a dar mais valor ao meu tempo, mas também notei que havia poucos sítios que oferecessem experiências diferentes para fazer em família”, conta à NiT a antiga designer gráfica, de 40 anos.
Ao mesmo tempo, sentia-se frustrada com o trabalho anterior, a coordenar uma clínica de medicina dentária, “onde eram muito restritos com cores”, acrescenta. “A minha casa sempre foi muito colorida e o meu guarda-roupa também. É algo que sempre fez parte de mim e que estava a ser reprimido.”
Quando se despediu, precisou de “ver o mundo de uma forma mais colorida”. Assim nasceu o Cor aos Potes, um novo estúdio de pintura de cerâmica, na Costa da Caparica, Almada. O objetivo é oferecer aos visitantes a oportunidade de pintar as suas próprias peças de cerâmica num ambiente acolhedor.
“A pintura, em específico, é uma forma de expressão artística que sempre me agradou muito”, afirma Marta, que destaca que esta arte é positiva não só a nível criativo, mas também para trabalhar a atenção e a motricidade. “Convidamos todos a relaxar enquanto criam algo especial.”

Com cerca de 150 metros quadrados, este espaço é um reflexo do gosto da fundadora, que trouxe o máximo de cores possível. Das paredes com pinturas abstratas, com formas orgânicas e cores vivas — como azul, rosa, amarelo, laranja, roxo — às cadeiras em vários tons de pastel, cada detalhe foi pensado ao pormenor.
“Queremos que a pessoa saiba que está logo num ambiente diferente para que isso se reflita na peça que vai trabalhar. Como o próprio nome indica, tudo pode ser pintado de forma a que as pessoas se divirtam e se sintam representadas na cerâmica.”
Afinal, como funciona?
O estúdio oferece peças pré-fabricadas aos participantes, o que permite que se concentrem apenas na pintura. A estante em destaque no atelier está cheia de peças de um fornecedor português, com destaque para artigos tipicamente nacionais (como as sardinhas e as andorinhas), mas também louças mais minimalistas e contemporâneas. A maioria delas vem da Alemanha.
Cada sessão tem uma duração máxima de duas horas e meia, sendo que o valor da peça inclui a utilização de todos os materiais disponíveis no muro de pintura, assim como a vidragem e a cozedura, no final. Além disso, são disponibilizados aventais para que os clientes não se preocupem com a roupa.
“Antes de começar, damos sempre um pequeno briefing, explicamos algumas das técnicas e apresentamos os passos. É importante saber que tons devem aplicar em primeira, segunda ou terceira mão. Estamos sempre a auxiliar com as dúvidas que vão surgindo”, continua.

Durante a visita ao estúdio, os participantes têm ainda acesso a uma zona de cafetaria e pastelaria com várias bebidas e bolos. “Queremos ajudar colegas que trabalham na zona. Temos três fornecedores da proximidade, mas estamos a querer ajudar a comunidade.”
A Cor aos Potes é também um local pensado para grupos de amigos, turistas e até empresas que procuram atividades diferentes, como workshops ou eventos de team building. Além das sessões de pintura individual, oferecem packs para grupos com mais de seis pessoas, despedidas de solteira, festas de aniversário (para miúdos ou adultos) e eventos corporativos.
“Quando a minha filha tem alguma festa, é quase sempre nos mesmos sítios, com escorregas e trampolins”, aponta Marta. “Queremos mostrar que há alternativas e que qualquer pessoa pode vir e pintar, independentemente da idade. A ideia é dar ferramentas a toda a gente.”
Quanto aos workshops, há novas opções todos os meses. A lista já incluiu cursos de tapeçaria, linogravura, entre outros, mas o mais solicitado — e que está quase sempre presente — é o de cerâmica, incluindo uma para os mais novos. “Temos clientes fixos que vêm cá muitas vezes.”
Focada em criar uma comunidade, Marta quer ainda apostar em levar mais mercados para a Costa da Caparica, a partir deste verão, e chamar alguns artesãos e outros criativos da zona. Além disso, tem em vista parcerias com escolas e ATL, lares e centros de dia, para levar a pintura de cerâmica a cada vez mais gente.
As marcações podem ser feitas online, sendo que a pessoa paga apenas o preço da peça. Os valores variam entre os 6€ e os 43€. Segundo a fundadora “é um espaço para todos os orçamentos”.
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