Durante anos, tal como acontece com muitas mulheres, Juliana Cerdeira era confrontada com uma diabólica escolha matinal. “O que vou vestir hoje?”, questionava-se, enquanto avaliava as possíveis combinações de peças, cores ou tecidos. Os minutos arrastavam-se e a escolha nunca era simples.
Em 2019, lançou uma marca com propostas “citadinas, ultrafemininas e confortáveis” que resolvem este problema. A Oyez apresenta outfits completos e pensados para cada dia da semana — ou seja, as clientes só precisam de abrir o guarda-roupa e vestir um deles.
A designer de moda, de 43 anos, teve a ideia após dois anos a dar aulas na Modatex e na escola da Maria Modista, em Lisboa. “Senti que não era suficiente para mim enquanto criativa, então surgiu a necessidade de apostar num projeto virado para o online”, conta à NiT.
Após cinco anos de sucesso, Juliana sentiu que estava na altura de dar um novo passo e abrir um espaço físico. A Oyez abriu portas a 5 de outubro, na Calçada da Ajuda, em Lisboa, e funciona não só como ponto de venda, mas também como um atelier e escola.
“A nossa experiência nos mercados era sempre um sucesso. As pessoas adoravam poder ver as peças ao vivo e experimentar”, afirma. “Como tinha tantos pedidos e precisava de um espaço maior para trabalhar, pensei que seria ideal ter um local onde posso juntar a minha experiência.”
Antes de se mudar para Lisboa, a designer teve uma loja e atelier em nome próprio, no Porto, durante oito anos. Após tirar o curso de design de moda pela segunda vez, quando foi forçada a parar devido a um cancro na tiroide, apostou num conceito “que ainda não existia na altura”.
A vontade voltou a surgir com a Oyez, cujo nome é inspirado numa expressão com origens no inglês antigo. Tradicionalmente, era usada tanto nos tribunais para chamar à atenção de todos os presentes, como por vendedores nas feiras. “Achei engraçado o trocadilho pouco óbvio com o ‘oh yes’.”
A loja funciona como um prolongamento do catálogo online. A marca divide-se entre os drops esporádicos (que podem seguir temas específicos, como o Natal ou o Dia dos Namorados) e as coleções mais alargadas, que contam com propostas sazonais de primavera-verão e outono-inverno.
No caso das linhas principais, as peças têm o nome dos dias da semana precisamente para facilitar a vida das mulheres, como o Monday Dress ou o Saturday Set. São todas diferentes e têm paletas de cores distintas, que permitem criar um guarda-roupa o mais completo possível.
“Trabalhamos muito com sets e vestidos, mas temos acrescentado artigos mais diferenciados”, acrescenta. É o caso de calças que surgem numa só cor e foram pensadas para serem conjugadas com uma parte de cima num tom distinto, mas complementar.
Quanto às silhuetas, explica, são feitas a pensar na tipologia do corpo “de mulheres reais, especialmente das portuguesas, que têm sempre mais anca”. As peças costumam ser mais largas e oversized, mas incluem sugestões que permitem ajustar e cintar, como faixas, cintos ou elásticos.
“As clientes dizem que se sentem mesmo bem quando usam os nossos modelos. Até me orgulho em afirmar que a nossa taxa de troca e de devoluções é de apenas um por cento, porque a nossa modelagem é sempre feita a pensar no melhor ajuste possível.”
Entre os bestsellers, destacam-se propostas que têm tido reedições em cores diferentes como o Everyday Kimono, a Monday Polka Dot Shirt ou uma T-shirt, lançada pela primeira vez este ano, com um dos slogans da etiqueta — a frase “we see beauty everywhere”.
A oferta complementa a decoração, marcada pelos tons pastéis e harmoniosos que caracterizam a marca, entre os quais o rosa-claro e o verde-água. “É um espaço minimal, mas citadino”, diz. “Dizem-me que faz lembrar as boutiques de Bali, porque as plantas contrastam com este ambiente nude.”
Com 100 metros quadrados, a Oyez é o resultado de um longo trabalho de recuperação de uma loja centenária que se encontrava completamente devoluta. “Deu-me muitas dores de cabeça, mas permitiu-me fazer o que queria. Aproveitei o logradouro e ficou totalmente diferente com mosaicos.”
Além das peças, com produção 100 por cento no norte de Portugal, Juliana vai oferecer cursos mensais e workshops, aos sábados de manhã, com um limite de quatro pessoas. As vagas estão disponíveis online e o objetivo é “um ambiente de partilha, descontração e amizade entre as pessoas”.
Tudo acontece na Ajuda, uma escolha que partiu “mais do coração do que estratégia de negócio”, acrescenta. “É Lisboa, mas sem a confusão. Ainda mantém o espírito de bairro pitoresco onde as pessoas aparecem e se sentem bem, com muitos restaurantes à volta.”
Após a inauguração, a fundadora percebeu que, além da carteira de clientes habituais que se ali deslocam para tocar e experimentar as peças, também recebia muitas pessoas novas que ali vivem e querem conhecer o negócio. “A Oyez é uma marca um bocado alternativa e acho que se enquadra num sítio destes.”
Seguindo o mote “Oyez & Friends”, que dá nome à mais recente coleção da etiqueta, este novo espaço segue precisamente esta premissa de união. “É uma espécie de casa, onde todos se podem sentir confortáveis, seja a experimentar roupa ou simplesmente a falar um bocado.”
A pensar nessas pessoas, a designer quer equilibrar a oferta e reunir algumas marcas portuguesas convidadas, sobretudo de joias e sapatos, para facilitar ainda mais a vida das clientes que passam a ter looks dos pés à cabeça. Até porque é sobre os sapatos arrojados que costuma usar que Juliana mais vezes é questionada.
Além da loja, pode encontrar as peças da Oyez no site da marca. Os preços da nova coleção começam a partir dos 45€.
Carregue na galeria para conhecer algumas das propostas.