Aos 15 anos, a praia era o seu mundo e os dias eram passados nas ondas de Guarujá, ilha no litoral de São Paulo, no Brasil. “Nasci e cresci na praia. Temos uma expressão para essas pessoas, caiçara. Eu era muito assim, vestia-me com roupa de praia, nada muito estiloso, legal ou interessante”, recorda Luana Ribeiro, jovem brasileira de 28 anos que agora mora em Portugal.
A mudança foi radical, mas a paixão manteve-se. Ainda no Brasil, começou a desenhar biquínis e fatos de banho, criou uma marca e trouxe-a eventualmente para Portugal. Chama-se Heyah.
“Eu digo isto sem qualquer vergonha: quem vê as nossas peças, não tem grande vontade de as vestir porque são peças básicas e as mulheres hoje procuram peças diferentes”, começa por dizer. “Só que muitas vezes vestem modelos diferentes, porque gostam do padrão, mas depois não encaixa. E é aí que entra a Heyah, para fazer com que elas se sintam bem, seguras e confortáveis.”
Tudo começou ainda em São Paulo, quando acabou por entrar no mundo da moda um pouco por acaso. “Comecei como modelo de prova, a experimentar todos os biquínis, a fazer seleção dos que vestiam bem e dos que não eram tão confortáveis. E daí passei para uma marca grande que confecionava tudo do zero. Foi onde aprendi como funciona todo o processo”, conta. Sempre teve um estilo simples, que acabava por ser elogiado pelas companheiras de praia e de surf, embora nunca tivesse tido grande foco na moda.
Isso mudou ao fim de alguns anos, quando percebeu que queria crescer na empresa onde trabalhava, virar-se para o marketing, mas também para a área mais criativa do desenho das peças. O problema? Estava completamente alheada das redes sociais. “Como vou convencer alguém que sou boa nisso se não tenho qualquer presença digital?”
Tinha encerrado todas as contas anos antes, depois de “ter vivido uma relação tóxica”, e acabou por regressar. Aos poucos, começou a imaginar uma marca com a sua impressão digital, com peças que funcionassem como uma segunda pele para quem vive realmente a praia. Quando deu por ela, tinha praticamente tudo feito — e o reconhecimento dos patrões, que lhe abriram as portas ao cargo de estilista.
“A moda foi uma área que me agarrou. Não imaginava que ia ter assim uma relação tão profunda e tão descomplicada”, explica, enquanto recorda pistas que podiam apontar para o futuro, como o dia em que, com o primeiro ordenado, correu para comprar um biquíni.
Na essência da Heyah está precisamente a paixão pela praia, pela vida na areia e no mar. E do antigo sonho de ser arquiteta verde, nasceu também uma preocupação com a sustentabilidade, que procurou unir ao projeto através da matéria-prima, uma licra “que ao contrário das tradicionais, se decompõe na natureza em dois a três anos”.
“Existem outros tecidos que usam plástico reciclado, mas não têm nada a ver com o toque das malhas que usamos na Heyah”, explica.
Quanto à linha estética, a simplicidade e intemporalidade são os eixos principais. “Crio sobretudo modelos básicos que agarrem pequenos pormenores de algumas tendências, por exemplo na cor. A ideia é essa de mulher autêntica, que se veste para estar confortável, que se veste para si e não para os outros.”
Criada em 2021, a marca segue agora o seu caminho do outro lado do Atlântico, em Portugal, para onde Luana Ribeiro se mudou em 2022. “Tinha vindo cá em 2017 e apaixonei-me por tudo: pelas ruas, pelo sotaque, pela arquitetura”, confessa. Depois da pandemia, sentiu o chamamento, fez as malas e veio com a Heyah na mala, isto apesar de as peças continuarem a ser produzidas no Brasil.
Ao longo dos últimos dois anos, a brasileira tem procurado levar as suas peças até às portuguesas, primeiro através do online e agora através de uma presença na Be We, em Lisboa. Há peças de todas as cores, em diversos formatos, do maillot ao biquíni, passando pelo fato de banho — entre outras peças como calças, vestidos e camisas, todas com espírito veraneante. Os preços variam entre os 50€ e os 120€.
Carregue na galeria para conhecer algumas das peças.