A presença da marca Otherwise no mercado português, lançada em 2017, tem-se destacado pela fusão do imaginário indiano com a localização portuguesa. Esta soma resulta em casacos e camisas incríveis, com padrões distintos, e uma identidade facilmente reconhecível. O sucesso do projeto levou à abertura, no dia 25 de março, de uma nova loja em Lisboa, no Príncipe Real. O objetivo? Atrair novas audiências.
A primeira loja, que abriu em Campo de Ourique lançou as sementes para aquilo que viria a ser o negócio. “Quando nasceu a primeira loja, em 2019, foi um magnetismo brutal”, conta Manuel Ochoa, de 36 anos. Num espaço de um ano, conseguiram estabelecer-se em espaços como o El Corte Inglés ou a Ericeira Surf Shop. “As pessoas as vezes precisam da materialização de uma marca e as lojas contribuem para isso”, explica à NiT.
Passados três anos desde a inauguração do primeiro espaço — com uma loja no LX Factory pelo meio, que, entretanto, fechou —, voltou a fazer sentido abrirem uma nova loja, que foi a solução para alcançarem ainda mais clientes. “A marca já tem alguma tração no público português. Estávamos a tentar arranjar uma localização mais direcionada para o turismo e consegui esta oportunidade no Príncipe Real, na rua da Alegria”.
Manuel acrescenta que o “espaço será um ponto de distribuição para outras lojas em Portugal e em Espanha”, uma vez que dá para fazer armazéns e colocar por ali toda a mercadoria. Os responsáveis também quiseram decorar a loja de acordo com o posicionamento, com destaque para dois tapetes de quilim feitos à mão.
“Os portugueses seguem a marca no Instagram, acompanham e vão sempre a Campo de Ourique. Ali no Príncipe Real, as pessoas passam, acham piada e fazem as suas compras”.
https://nittv.nit.pt/compras/otherwise-a-marca-portuguesa-de-inspiracao-indiana-chegou-ao-principe-real/
A história da Otherwise
As raízes da marca em solo indiano começaram em 2006, quando a irmã do fundador, Maria Ochoa, de 41 anos, foi estudar joalharia no país oriental, onde a identidade e a cultura estão sempre presentes. “Há pessoas a costurarem na rua, a fazerem tingimentos e coisas muito diferentes do que havia na europa”, diz Manuel.
Maria criou a sua própria marca, a Dreamcatcher, e uma década depois convenceu o irmão de que havia espaço para fazer algo direcionado para o público masculino. O criador apoiou-se nas camisas padrão e, em 2017, lançou a sua primeira coleção. Despediu-se do seu trabalho, num banco, para se focar completamente na Otherwise.
O conceito da marca mantém-se fiel às edições limitadas, com 30 camisas a serem confecionadas para cada padrão, exclusivamente através do trabalho manual. Um conceito que se distingue do método de trabalho que se tornou a norma por todo o ocidente. Os valores das camisas da Otherwise variam entre os 58€ e os 99€.
“Nós fazemos tudo com tesoura, o tecido é feito num tear à mão e a grande maioria das peças são tingidas à mão. É uma marca back to the roots, na medida em que quase não utilizamos máquinas e é tudo com técnicas de estampagens ancestrais, como o block print ou o tie-dye que já existem há milénios”, acrescenta, referindo que é algo que os portugueses, infelizmente, não valorizam.
“Eu lembro-me muito, quando era mais novo, de os meus pais e avós construírem coisas. Na minha geração, é tudo muito à base da máquina”, diz. “Acho que estamos a voltar um bocado aos primórdios e às coisas feitas com mais cuidado. É mais humano e a Otherwise é mesmo muito humana”.
Ainda assim, a marca foi montada para os portugueses e as criações são criadas em torno da realidade que se vive no nosso Pais. O facto de não ser uma sociedade grande e das pessoas não quererem andar com peças iguais dá todo o sentido a um projeto destas dimensões. A inspiração indiana, através das cortes fortes, dos padrões e dos tecidos leves, é adaptada ao clima nacional.
Manuel Ochoa menciona que trabalha em torno dos princípios do comércio justo e da sustentabilidade. Não são usadas fibras sintéticas, pelo que as alternativas passam por alternativas naturais — como o algodão, o linho, a viscose da madeira, a fibra da bananeira e a fibra de lótus.
“Numa aba do nosso site, dá para ver a história do tecido, em que o nosso fornecedor é uma ONG. Houve um tremor de terra muito grande no estado de gujarat, uma zona muito ligada ao têxtil, e os pequenos artesãos perderam as oficinas”, revela. “Foi para lá uma ONG, montou um complexo com melhores infraestruturas e chamou muitos dos artesãos para trabalhar. O nosso algodão vem todo desse complexo”.
Socialmente, a etiqueta estabelece uma relação de proximidade com as comunidades indianas e os artesãos locais com que a Otherwise colabora. Na fábrica de confeção em Deli, por exemplo, Manuel conhece toda a gente pelo nome e trabalha diretamente com os funcionários quando vai até à Índia. A próxima deslocação ao país está prevista para breve.
“Eu gostava de abrir mais uma loja em Lisboa e, a partir do momento em que o conseguir, a nossa estratégia é começar a abrir lojas fora do País e se calhar Espanha seria naturalmente o lugar mais indicado”, conclui.
Pode comprar as peças no site da marca, além das lojas físicas. Carregue na galeria para conhecer algumas das camisas indianas que tornam a Otherwise tão especial.