No Taiwan, em 2013, surgiu a ideia de criar uma eco-câmara digital com um visual original e que fosse acessível a todos. A chamada Papershoot, desenvolvida por George Lin, foi apresentada ao mercado asiático com base no seu valor disruptivo. Como seria de esperar, suscitou o interesse em comunidades que nunca equacionaram a possibilidade de existir uma máquina fotográfica funcional feita com papel.
O conceito disruptivo da PaperShoot chegou a Portugal pelas mãos de uma jovem de 21 anos. Sofia Reis encontra-se neste momento a concluir o mestrado, em Amsterdão, e foi neste negócio, edificado por si em solo nacional, que encontrou o seu primeiro emprego. A novembro de 2021, começou a vender as primeiras máquinas fotográficas ao público português.
“Durante a quarentena, estávamos todos isolados e recorríamos às redes sociais. No TikTok, encontrei a PaperShoot e achei genial. Quis comprar para mim”, conta à NiT a responsável do negócio. Contudo, para encomendar de Taiwan para Portugal, os valores acumulavam o IVA, o envio e as questões de alfândega: “Não seria prático. Enviei o meu currículo e a proposta para o George, o diretor geral da PaperShoot em Taiwan e acabei a assinar um contrato de distribuição exclusiva em Portugal.”
Por enquanto, as máquinas continuam a ser produzidas por uma pequena equipa em Taiwan. As câmaras são feitas por encomenda, uma vez que não têm stock, então a responsável portuguesa gere a oferta de acordo com o tempo necessário para a produção e envio para Portugal, que pode ser entre um a dois meses.
O catálogo da marca passa, sobretudo, pelas capas feitas com papel de pedra biodegradável, sendo que as câmaras são uma placa-mãe, igual em todos os modelos. O que vai variando são os kits com as surpreendentes capas de papel, de madeira ou em acrílico. A esta oferta, juntam-se as lentes adicionais, cujos preços variam. Não são apenas funcionais e visualmente apelativas, como têm como prioridade a preocupação com o desperdício.
O cruzamento entre o analógico e o digital
Embora o funcionamento da máquina possa parecer complicado, não terá de passar horas em frente a um livro de instruções. Na verdade, qualquer pessoa consegue montar o produto em dois minutos. A câmara tem uma placa-mãe e a capa envolve-se à sua volta, presa com parafusos, e pode ir trocando entre a capa de papel e a de madeira. O kit vem inclui pilhas recarregáveis e um cartão USB com cerca de 32GB.
“A pessoa tira as fotografias e não as pode ver no momento para imitar a experiência analógica”, esclarece Sofia. Ou seja, depois só precisa ligar a sua câmara a um computador e tem as fotografias logo disponíveis. “Isto é algo que dura vários anos, porque implica estar sempre a apagar as fotos do cartão USB e voltar a colocá-lo”.
Através da junção da experiência analógica e do auxílio digital, acumulam-se histórias visuais. “Como são as suas memórias?”, questiona o site da marca. “O George [diretor geral da PaperShoot em Taiwan] é natural de uma vila onde não tinham eletricidade e não tinha dinheiro. Quando os irmãos morreram, teve pena de não ter fotografias deles. Foi estudar gestão e criou esta pilha por isso, mas sempre a pensar no planeta”, conta a representante da marca em Portugal.
A expansão no mercado europeu
Apesar da ligação às origens do conceito, Sofia pretende distinguir-se num mercado distinto. “Tento contar a história à minha maneira com as técnicas que conheço, mas também me baseio na experiência das outras equipas internacionais”, diz. Essa vontade é consubstanciada na intenção de preparar um concurso para apoiar designers locais, que podem criar novos modelos e os artistas em questão irão receber percentagens dos lucros das vendas com a sua capa.
Atualmente, além da sede em Taiwan, a marca está também presente no Canadá, Reino Unido e Estados Unidos da América, Singapura e também Espanha. “Tenho intenções de expandir o que faço à Europa, mas estou a gostar imenso de trabalhar em Portugal”, conclui Sofia.
Os valores das máquinas começam nos 135€, no caso do kit mais básico que inclui o cartão, a câmara, a capa e a correia para o pescoço. Também têm um conjunto com as capas em papel de pedra e com duas lentes magnéticas, que fica por 149,90€; e o kit Croz que inclui uma capa premium de madeira e duas lentes por 159€. Todas trazem, claro, um cartão USB de 32GB e estão disponíveis no site.
Carregue na galeria para conhecer alguns dos modelos disponibilizados pela PaperShoot Portugal.