Após ter feito uma última vénia, ao anunciar o encerramento da marca de moda em nome próprio em 2023, Diogo Miranda deixou no ar alguma curiosidade sobre os passos seguintes. Um ano depois, chegava a resposta: aquele que é um dos nomes mais aclamados da moda portuguesa tornava-se o novo diretor criativo e artístico da A Line.
Desde então, o designer tem imprimido a sua visão nas coleções da etiqueta portuguesa, movendo-se entre o lado comercial, com um ready to wear intemporal e sustentável, e uma visão criativa. Uma sinergia que acontece muito a nível internacional, mas que em Portugal ainda não é tão explorada.
Após a abertura de uma loja permanente no Porto, foi a vez de Lisboa receber neste sábado, 1 de novembro, a marca de moda contemporânea A Line. O espaço pop up está situado na EmbaiXada do Príncipe Real com uma seleção exclusiva de peças da coleção de outono-inverno 2025.
Segundo Diogo, de 37 anos, “Lisboa está, cada vez mais, no radar internacional”. “Já há algum tempo que tínhamos em mente uma presença na capital, e esta surgiu como a oportunidade ideal”, afirma, acrescentando que é a forma de testar o mercado e de se aproximar de um público que acompanha as coleções.
O Príncipe Real “destacou-se naturalmente”, explica. “Tanto pelo perfil do público, que se identifica com o universo da marca, como pelo caráter único do edifício da Embaixada, que traduz perfeitamente a estética e o espírito da A LINE.”
Para oferecer “a experiência completa” aos visitantes, o espaço será dividido em dois ambientes. De um lado, funciona quase como uma galeria de arte onde as peças são apresentadas como esculturas. Do outro, “uma sala majestosa” com influências neo-árabes do século XIX que convida à imersão neste universo.
“Quisemos respeitar a arquitetura e o espírito do espaço existente. Mantivemos as cores originais e acrescentámos os tons característicos da marca, o cru e o preto, criando um ambiente quase doméstico, como se estivéssemos num apartamento”, acrescenta, sobre uma visita “pensada para seduzir pelos sentidos, num percurso que combina estética, arquitetura e moda.”

Nos charriots, já sabem os clientes, podem encontrar artigos que não se regem pelas tendências atuais. Dos casacos à camisaria, aposta-se numa paleta de cores neutra e num design intemporal, que possa ser usado em várias estações seguidas.
Com esta abertura, Diogo apresenta ao público lisboeta uma seleção exclusiva de novidades para a estação fria, inspiradas na herança da alfaiataria clássica. Pense em silhuetas estruturais, materiais de qualidade (como lãs, caxemiras, sedas e algodões) e tons mais escuros e terrosos.
À NiT, explica que esta linha “fala sobre a multiplicidade da mulher contemporânea”, que se “transforma em várias versões de si mesma ao longo do dia”. “A coleção traduz essa ideia através de camadas que se revelam e transformam. À medida que se vão despindo ou combinando peças, surgem novos looks e novas expressões, quase como se descobríssemos outras mulheres dentro da mesma mulher. É essa versatilidade e profundidade que definem o ADN da A LINE.”
Esta filosofia é partilhada pelo fundador, Hélder Gonçalves, que há mais de 20 anos trabalha na indústria têxtil, sendo dono de um par de fábricas em Paços de Ferreira, onde já produziu incontáveis peças de roupa para algumas conceituadas marcas internacionais. Foi depois de tanta experiência no ramo que, por volta de 2016, decidiu criar uma marca própria.
“Defendemos que a verdadeira sustentabilidade está em consumir menos e melhor. É por isso que as nossas peças duram uma vida”, confessou à NiT, garantindo que “a sustentabilidade dos nossos produtos começa logo no design” e que são “peças de tratamento fácil, não precisando de muitos cuidados que possam danificar eventualmente os tecidos.”
Assim, a escolha dos tecidos para a confeção das peças resulta sempre do deadstock da marca e dos fornecedores com que trabalha, para evitar a produção de novos tecidos. Além disso, é priorizado o uso de tecidos em fibras naturais e, de preferência sustentáveis, seja na origem da fibra, no processamento das mesmas ou nos fornecedores certificados.
“Procuramos tecidos leves, respiráveis, mas sobretudo intemporais. O facto de escolhermos uma fibra natural dá-nos também a possibilidade de trabalhá-la das mais variadíssimas formas, resultando em peças que se encaixam em qualquer estação”, acrescenta.
Para Diogo Miranda, foi fácil adaptar-se a esta visão. “A linha entre as duas identidades é subtil, mas existe um respeito profundo pela herança da marca, que procuro transportar para o presente, adaptando-a às necessidades e à sensibilidade do consumidor contemporâneo”, garante. “Sinto que estamos a crescer de forma consistente, a dar os passos certos nos momentos certos, sempre ao nosso ritmo.”
As novidades não ficam por aqui. Para breve, têm em mente o lançamento da A Line Men, “um projeto que tem vindo a ser desenvolvido há algum tempo”, mas ainda sem previsão de data.
“É importante sonhar para que as coisas aconteçam, mas também perceber que nem todos os sonhos se concretizam de um dia para o outro. É preciso tempo, dedicação e persistência. O sucesso constrói-se com trabalho, empenho e amor pelo que se faz, e é exatamente isso que queremos continuar a colocar em tudo o que a A LINE faz”, conclui Diogo.
As coleções da marca também estão disponíveis online. Carregue na galeria para conhecer algumas das propostas.

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