A primeira gravidez de Ricarda Correia corria segundo o expectável até começar a sentir dores inesperadas. No início, pensou que se tratavam de contrações — mas os médicos diziam que era uma virose. “Aguentei durante uma semana até decidir voltar às urgências e, nas análises, perceberam que algo não estava bem”, recorda à NiT.
Ao perceberem as complicações, o bebé da jovem de 30 anos teve de nascer de forma prematura, repentinamente. Tinha apenas 33 semanas e ficou internado durante 20 dias. Nas primeiras horas, Ricarda nem sequer o pode ver e, sublinha, sabia que podia ter corrido muito mal.
“Tivemos um final feliz… por um triz”, afirma. A frase tornou-se um slogan de um projeto que nasceu após esta experiência conturbada no início de maternidade, inspirado no “no amor mais puro entre mãe e filho”. A 15 de maio, lançou a sua marca de roupa com propostas que vão dos 12 meses aos 8 anos.
Apesar da falta de experiência na área, a técnica de radiologia já pensava criar uma insígnia há muito tempo. O nascimento do filho acabou por servir como incentivo para passar a ideia do papel à prática e dar resposta às necessidades do pequeno. “Quando comprava roupa para ele, queria coisas práticas, confortáveis e lisas. Sentia alguma dificuldade em encontrar peças em tons mais neutros.”
O desejo de encontrar as peças ideais para os mais novos levou-a a pensar nos pormenores mais pequenos. Na produção das peças da Por um Triz, não são utilizadas etiquetas devido à irritabilidade da pele do bebé, a única matéria-prima usada é algodão 100 por cento orgânico e as silhuetas largas adaptam-se a meninos e meninas.

“É importante reutilizar roupas. Se tiverem qualidade, podem passar de geração em geração”, explica sobre a opção de lançar uma linha sem género. “Assim, se tiver outro filho e for uma menina, podem usar as mesmas peças sem problema. As cores combinam umas com as outras e até podem passar para outros membros da família.”
Sabia que queria começar pela T-shirt, uma peça mais básica, e seguir para as calças e as camisolas. Eventualmente, surgiram os calções e os casacos para criar um armário-cápsula o mais completo possível para os miúdos que não conseguem estar quietos e, por isso, precisam de peças com as quais possam andar, dançar ou saltar.
Desenhadas pela fundadora, as peças são totalmente produzidas no norte de Portugal, em Barcelos, numa pequena fábrica familiar onde já passaram várias gerações. Nesta pequena confeção, onde consegue trabalhar sem mínimos muito elevados, o foco é sempre a sustentabilidade. Por isso, apostam em embalagens com materiais recicláveis e cartões com sementes que podem ser plantadas.
Atualmente, Ricarda pode dedicar-se a 100 por cento à marca devido à licença de parto. No entanto, “quando voltar à rotina, vai ser mais complicado”, diz a profissional de saúde. Porém, conta com a ajuda do marido para dar resposta às encomendas que surgem de vários pontos do País.
A ideia é que as peças para os mais pequenos sejam apenas até aos 8 anos, podendo um dia aumentar-se os tamanhos disponíveis. No entanto, existe a vontade de lançar coleções cápsula e matchy-matchy para pais e filhos combinarem, uma sugestão que tem sido feita pelos clientes — e pode surgir já na próxima estação.
As peças da Por um Triz podem ser compradas através da página de Instagram da marca. Carregue na galeria para conhecer algumas das propostas, com preços entre os 25€ e os 40€.