Escárnio, troça, crítica ou objeção. Estes são apenas alguns dos significados atribuídos a “cavillatio”, uma palavra do latim. A expressão descreve também o olhar de Pedro Parreira, de 25 anos, sobre o mundo da moda. Enquanto muitos levam a roupa muito a sério, o criativo sempre quis que as suas peças refletissem o seu modo de encarar a vida.
Após vários anos a criar lojas online, enquanto marketeer, decidiu lançar o seu próprio negócio. Tudo começou com o desejo de comprar um chapéu — não sabia exatamente o que procurava, mas percebeu que nenhum dos modelos que encontrava à venda o agradava. Quando decidiu criar um boné old school com a expressão “que trágico”, percebeu que tinha encontrado um nicho.
O acessório foi apenas o primeiro de uma série com frases personalizadas e irónicas, já produzida com a etiqueta Cavillator, a marca que fundou entretanto. Seguiram-se as T-shirts, os hoodies e as sweatshirts. A lógica mantém-se: os diferentes modelos incluem palavras ou expressões tão cómicas quanto sinceras.
“As primeiras propostas eram coisas às quais achava piada ou que as pessoas à minha volta diziam. A partir daí, apontava tudo o que ouvia e achava engraçado para criar uma coleção”, começa por contar o fundador à NiT. “E continuo a acrescentar novas opções com ideias que vão surgindo.”
“Socorro”, “que chatice”, sinceramente” ou “que sucata” são apenas algumas das expressões bordadas nos bonés e nas peças de roupa. Todas apresentam desenhos discretos, lisos e minimalistas, com 10 a 12 cores disponíveis.
Entre as várias propostas, há um modelo que se tem destacado. “O que seria” já era uma brincadeira recorrente entre Pedro e os amigos. É uma pérola da sabedoria nacional que se tornou num bestseller improvável. “[As expressões] sozinhos não significam nada, mas achei piada e percebi que não estava sozinho.”
O fundador quer ainda criar uma secção online onde o cliente pode personalizar os modelos com as suas próprias expressões de escárnio. “Temos muita gente a mandar-nos mensagens a pedir frases específicas e nós fazemos, mas queremos facilitar o processo”, acrescenta.
Curiosamente, ao contrário do que o criativo esperava, as peças não são procuradas apenas por uma faixa mais jovem. “Fiquei surpreendido porque dá para todos usarem e combinarem a seu gosto”, explica. Há quem compre uma T-shirt divertida para sair com os amigos ou uma camisola aconchegante para relaxar em casa.
“Recentemente, identificaram a marca numa fotografia. Era um grupo de amigas que andavam a viajar e todas tinham bonés da nossa marca. Achei piada porque combinavam, mas cada uma com o seu modelo.”
Muitas opções incluem ainda referências ao fenómeno da pop, Taylor Swift. De “Reputation” a “Fuck The Patriarchy”, em referência ao hit “All Too Well (10 Minutes Version)”, os swifties também vão encontrar propostas para complementarem os seus visuais.
O sucesso da etiqueta, cujo slogan é “don’t go basic” — com algum humor, pois o catálogo é marcado pela discrição — já chegou além-fronteiras. A Cavillator também vende os seus modelos unissexo para mais de 40 países (com portes gratuitos).
Questionado sobre até onde gostava de levar a marca, Pedro responde com uma das expressões gravadas nos bonés: “nem sei”. O empreendedor só tem certeza sobre o desejo que pretende concretizar em breve: criar modelos com expressões em idiomas como o francês ou o italiano, por exemplo, para internacionalizar ainda mais a marca.
Todas as peças da Cavillator estão disponíveis online e os preços variam entre os 39,85€ e os 55€.
Carregue na galeria para conhecer alguns dos modelos.
