Um breve scroll pelas redes sociais dos maiores futebolistas é suficiente para percebermos que, fora do relvado, são também ícones de estilo. Estão em campanhas de moda, capas de revista e seguem à risca as principais tendências do street style. Os exemplos multiplicam-se e passam por nomes como o antigo jogador do Sporting Hector Bellerín, apontado pela “Forbes” como um dos maiores influenciadores de moda em Espanha. Até já desfilou na passarela pela Louis Vuitton.
Aos poucos, estão a ser deixados para trás todos os estereótipos que acompanham os jogadores de futebol. Mais recentemente, quando os jogadores da seleção francesa foram criticados pelas roupas extravagantes com que surgiram após a paragem para as seleções nacionais, o internacional Jules Koundé decidiu responder. “Na próxima concentração, prometo que chegaremos todos de fato de treino e chuteiras”, escreveu na rede social X (antigo Twitter).
E já não são apenas as grandes etiquetas de luxo que estes atletas procuras. É possível que, algures no guarda-roupa de alguns deles, se encontrem alguns projetos nacionais. É o caso da Rehvangel, uma marca de streetwear 100 por cento portuguesa que tem feito sucesso no mundo do desporto, nacional e internacionalmente. Os mais atentos já lhe reconhecem a identidade urbana e cosmopolita, com um toque de exclusividade.
“Trouxemos um estilo de vestir que, na altura, quase nenhuma marca estava a utilizar. Fomos a primeira marca 100 por cento oversized em Portugal porque queríamos uma coisa diferente no mercado”, explica à NiT o diretor criativo da insígnia, Bruno Marvão, de 36 anos.
O negócio foi criado em 2020, em plena pandemia, depois de quatro anos a trabalhar como representante ibérico de cerca de dez marcas de streetwear através de “uma empresa muito grande” no setor.
“Sempre que uma loja queria introduzir uma marca, viajava para fazer esse negócio”, recorda. “Até que comecei a vê-las explodir e percebi que era e que fazia esse trabalho. Como já tinha um know how forte e uma carteira de clientes sólida, decidi arriscar tudo e criar o meu próprio projeto.”
E não se equivocou. O sucesso tem sido tanto que as coleções que esgotam sempre após algumas semanas. A nova linha, a Redemption, dedicada ao outono-inverno de 2024, foi lançada este domingo, 1 de dezembro, com o design moderno que caracteriza os lançamentos anteriores.
As T-shirts continuam a ser o produto-estrela do catálogo. “Nunca tivemos uma camisola de corte regular. Inspirámo-nos no que víamos lá fora, nos EUA ou no Reino Unido, para termos um fitting diferenciado, com o ombro mais descaído e muita gramagem”, sublinha.
O destaque vai também para os estampados que, como o nome revela — vem de “a revolta dos anjos” — é muito inspirada no tema do zodíaco. Os desenhos gráficos surgem no centro e complementam a paleta de cores mais neutra, em tons de preto, branco e cinzento, com pequenos apontamentos de cor.
Todos os desenhos são feitos por Bruno. “No trabalho anterior, era a pessoa que pegava nas coleções já feitas e as colocava no mercado, mas pesquisava muito. Era assíduo nas fábricas e muitas dessas marcas já me pediam a opinião sobre o que podia funcionar. É a partir daí que nasce este bichinho.”
Um plantel de luxo
Um dos clientes mais conhecidos e que acompanha a marca desde o início é Nuno Mendes, atualmente ao serviço do Paris Saint-German, que já conhecia através das redes sociais. “Quis fotografar connosco numa altura em que partilhava o balneário com Messi e Neymar. Chegámos a ter fotos dele com 30 mil likes.”
Seguiram-se outros atletas internacionais, como o francês Camavinga e o brasileiro Éder Militão, do Real de Madrid, ou portugueses como Renato Sanches, do Benfica, ou João Cancelo, que atualmente veste a camisola do Al Hilal.
A Rehvangel revende também as peças em vários espaços frequentados por atletas, como a SeventeenStore, um espaço na Alta de Lisboa com dois pisos, um deles dedicado a tatuagens. Essa tem sido uma das estratégias de Bruno para a expansão do negócio.
“À medida que crescemos online e nos retalhistas, os stylists deles contactavam-nos. Sozinhos não conseguimos chegar até estes atletas”, confessa. “Hoje em dia, o jogador de futebol é muito marcante na moda e as pessoas estão atentas ao que estão a usar nas redes sociais ou na rua.”
Seguiu-se um passa a palavra que trouxe até à marca um público bastante vasto. “Inicialmente, estávamos à espera de clientes mais jovens, mas temos pessoas de 40 ou 50 anos que usam as nossas peças. Atingimos uma faixa etária muito alargada, surpreendeu-nos também termos um público feminino.”
Dado este crescimento, decidiram ampliar ainda mais a oferta. Na nova coleção, introduziram referências de calças de ganga, sapatilhas e casacos. “Fazemos fatos de treino e queremos tornar-nos mais completos em todas a dimensões”, diz. É também uma forma de impedir que a linha esgote tão rápido.
Todos os artigos são confecionados no norte de Portugal, em cidades como Barcelos e Guimarães, com base em pilares como a sustentabilidade, que vão desde a escolha dos melhores materiais ao processo lento de fabrico. “Queremos um produto premium a um preço acessível.”
As peças mais vendidas, e o ponto forte da marca, continuam a ser as T-shirts estampadas, tanto online como nos espaços de revenda. O que diferente é o público que, no comércio eletrónico, surge de fora do País.
No futuro, Bruno pretende ainda lançar uma linha especificamente para mulheres, dando resposta aos pedidos que recebe desde o início, e continuar a ampliar a oferta. Além disso, tem os olhos postos no cenário internacional.
A nova coleção da Rehvangel já está disponível no site da marca. Os preços variam entre os 80€ e os 120€.
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