Há uma startup portuguesa que está a usar plástico recolhido nos oceanos para produzir máscaras para uso profissional e social. Originalmente, a Skizo especializava-se em comercializar sapatilhas, mas as vendas caíram drasticamente em março deste ano com a chegada da pandemia de Covid-19 a Portugal, e a produção (feita no concelho de Ovar) teve de ser interrompida. Assim, os responsáveis tiveram de reinventar o negócio para não ficarem parados.
“Quis o destino” que assim fosse. Andreia Coutinho e André Facote, os fundadores, explicaram à NiT que a situação coincidiu com o primeiro aniversário da marca. “Sabemos que os nossos produtos não são, claro, um bem de primeira necessidade e portanto não se previam dias fáceis.”
Aquilo que mais os estava a preocupar, contam, era a paragem forçada do propósito da Skizo: retirar plásticos descartados dos oceanos. Para poderem dar continuidade à missão, decidiram começar a produzir máscaras sociais sustentáveis com a mesma matéria-prima que usam para desenvolver as sapatilhas e contrataram, ao mesmo tempo, ex-costureiras que tivessem sido afetadas “direta ou indiretamente pela pandemia” para as produzirem.
“Primeiro certificámos para nível 3. Recentemente, lançámos mais um design de máscara com a certificação de nível 2, para uso profissional. Somos, assim, as máscaras sociais mais sustentáveis que algumas vez foram produzidas”, acrescentam.
A Skizo foi lançada em março do ano passado para desenvolver sapatilhas feitas a partir de plástico recolhido dos oceanos. Em dezembro de 2019, Ana Rita Clara associou-se ao projeto para criar o próprio modelo sustentável: o objetivo da marca é retirar meio quilo de plástico do mar — o equivalente a 18 garrafas de água — por cada par de sapatilhas produzido.
Em maio de 2020, quando as vendas começaram a recuperar lentamente, a Skizo iniciou a produção e a venda de máscaras certificadas no modelo de nível 3 (aquele que é designado como de uso comunitário).
Já estão à venda no site oficial por 9€. Há tamanhos entre o S e o L e cada unidade é apenas produzida depois de ser encomendada, uma política cada vez mais popular entre as marcas sustentáveis, que serve para evitar o desperdício de stock. O processo de produção e entrega pode levar até dois dias, segundo os responsáveis, se forem enviadas para Portugal e Espanha. No entanto, a Skizo vende para todo o mundo.
As máscaras têm certificação do CITEVE, são laváveis em ciclos completos de 60 graus, reutilizáveis e produzidas de acordo com todas as normas e diretivas da Direção-Geral da Saúde (DGS). São compostas por 56 por cento de plástico dos oceanos (cerca de duas garrafas) e 44 por cento de algodão orgânico. A produção, segundo a Skizo, é feita por costureiras que estavam desempregadas.
No site, também já vai encontrar o modelo de nível 2, cuja produção arrancou em setembro e cujo tecido é desenvolvido com o equivalente de cinco garrafas de plástico. Esta alternativa custa entre 9€ e 9,90€ e tem opções em branco, preto e um modelo de edição limitada só para as mulheres.