A moda vintage tem vindo a crescer em popularidade ao longo dos anos e os motivos são muitos. Enquanto há pessoas que procuram por lojas e mercados deste segmento por uma questão de sustentabilidade, o principal apelo nem sempre é esse. A oportunidade de ter peças únicas no nosso armário, que mais ninguém vai ter, é a motivação para investir em vestuário cheio de personalidade.
Durante a pandemia, em 2020, nasceu o espaço Sons of the Silent Age e fica situado número 99 da Calçada do Combro, em Lisboa. Além do facto de venderem artigos que não podem ser encontrados em mais lado nenhum, a exclusividade dos produtos é ainda maior devido à personalização das peças, que se tornou a imagem de marca da loja.
Os fundadores, Bruno Lopes e Tiago Andrade, não eram novatos neste mercado. Na verdade, este espaço foi a quinta abertura de um império de lojas que compram roupa usada em Lisboa, iniciado em 2010 pelos dois amigos. Na altura, abriram a Ás de Espadas e, desde então, continuaram a expandir a cadeia para outros modelos de negócio.
“Na altura, quando eu era estudante, só consumia roupa em segunda mão, especialmente vintage. Como ainda não havia muitas escolhas, procurava em feitas por serem peças diferentes” começa por contar à NiT Bruno Lopes. Cerca de 15 dias depois de conhecer o atual sócio, através de amigos em comum, falaram da possibilidade de abrir a loja devido aos gostos que partilhavam.
O alargar do império
A ideia de abrir a Sons of the Silent Age surgiu quando as lojas estavam fechadas e os dois sócios começaram a customizar algumas peças em casa. A ideia era ainda muito vaga, mas pensaram em fazer uma sessão fotográfica com as peças que criavam até chegaram a um conceito para abrir a loja.
Umas semanas antes do mundo ser confrontado com a pandemia, Bruno e Tiago fizeram uma viagem à Áustria, com amigos. “Fotografamos as pessoas nas suas casas, individualmente, antes do confinamento começar. Quando chegámos a Lisboa, achámos curioso termos feito essas sessões e estar toda a gente fechada em casa. O projeto tinha o mesmo nome”.
Além de ser uma referência à canção de David Bowie, lançada em 1977, o nome faz referência a uma altura em que “não havia concertos, nem saídas à noite. A ideia era explorar o universo individual de cada pessoa isolada, dos clientes que ainda eram imaginários”.
Encontraram o espaço num dia em que se dirigiam para outra loja e repararam que tinha encerrado. Quando alugaram a instalação, por se tratar e um conceito embrionário, fez sentido escolherem um espaço mais pequeno. Além disso, permite que o foco sejam sempre os artigos.
Cada peça tem uma história
Neste momento, contam com três linhas distintas: a vintage; a gold, virada para as marcas de luxo e a customized. A terceira teve, desde o início, uma saída muito maior do que estavam à espera. Começaram por misturar casacos com um estilo mais punk, todos pintados à mão com desenhos excêntricos e coloridos inspirados em slogans que encontram.
“Nós temos um pouco de tudo. Neste momento, personalizamos mais casacos porque é mais transversal e trabalhamos com modelos em pele e em ganga”, diz. Um casaco de pele, por exemplo, não demora menos de uma semana a estar concluído.
E acrescenta: “Estamos a trabalhar numa nova coleção de artigos personalizados, que chega em breve, mas a procura tem sido maior do que a nossa capacidade de produção.”
No entanto, o processo até chegar a uma ideia mantém-se consistente: “Estou a andar na rua, passo por uma frase que considero interessante e surge-me logo uma imagem para a acompanhar”. O último casaco que fizeram, por exemplo, teve como ponto de partida o slogan “too young to drink, too old to party” (em português, “muito jovem para beber, muito velho para festejar”).
Para contrastar com a vertente mais urbana, misturam a oferta com o oposto. Surgem peças de marcas de luxo como a Saint Laurent, a Dior, a Balenciaga e a Chanel. Foram todas selecionadas para fazerem parte de um universo boémio, com raízes nos anos 90 e inspiração no cenário artístico de Berlim.
Das peças que recebem dos fornecedores, espalhados por vários países, à seleção que fazem em armazém, fazem as encomendas para as cinco marcas diferentes que têm em Lisboa. Uma vez que cada loja tem a sua identidade, quando estão a percorrer aquilo que encontraram, decidem o que é que querem ou pode ser alterado através de upcycling.
“As pessoas cada vez mais procuram peças diferentes por uma questão de identidade. Além de não encontrarem peças iguais, sentem que refletem a sua identidade”, conclui. “É surpreendente, porque quando alteramos uma peça, imaginamos um tipo de cliente e acaba por ser muito transversal”.
Pode visitar a Sons of the Silent Age no número 99 da Calçada do Combro, em Lisboa. O espaço está aberto de segunda a domingo, entre as 11h30 e as 20 horas. Quanto às peças, os valores vão dos 75€ aos 375€.
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