A Xiribita surgiu no mercado português pela primeira vez em 1997. Durante os dois anos seguintes, apresentou propostas divertidas para os mais novos. Porém, os dois responsáveis pelo lançamento da marca, com direito a uma loja na baixa do Porto, acabaram por abandonar o projeto. Casaram, tiveram filhos e decidiram dar outro rumo às suas vidas, embora se tenham mantidos ligados à produção têxtil.
Agora, mais de duas décadas depois, a marca portuguesa está de regresso. Tem uma nova identidade, mas continua a vestir os miúdos com peças de roupa que misturam estilo e conforto — e não se trata de um dejà-vu.
No entanto, já não são os fundadores a encabeçar o projeto. Em 2018, a dupla inaugurou uma companhia têxtil em Barcelos, a The Factory 84, que emprega pessoas das mais variadas áreas. Um dos elementos da equipa, Maria Fanzeres, de 29 anos, começou a trabalhar nas relações internacionais da fábrica há cerca de dois anos e foi desafiada pelos criadores originais da etiqueta para a fazer renascer. A coleção que assinalou o relançamento chegou ao mercado no passado mês de novembro.
Quando aceitou a missão de fazer renascer este negócio, a bracarense não tinha qualquer experiência em produção têxtil. A relação da jovem com a moda começou em 2017, quando fundou um negócio de roupa feminina para cerimónias, em parceria com a irmã e uma amiga. As três partilhavam o gosto pelo mesmo nicho e, quando encontram um espaço livre em Braga, aproveitaram a oportunidade: “Na altura, estavam a surgir muitas lojas e marcas 100 por cento portuguesas”, conta à NiT.
No entanto, as duas sócias tinham trabalhos fixos e acabaram por ter filhos, deixando Maria como a principal responsável pela loja. Ao perceber que não dava para conjugar tudo, decidiu abraçar o projeto na The Factory 84.
“Quando cheguei à fábrica, um dos donos pediu-me para reformular todo o contexto da marca”, recorda. Criou o slogan “Let’s be human together” (“vamos ser humanos juntos”, em português) e optou por mudar todo o processo de produção, que nos primórdios da marca se focava na revenda de peças já compradas.
Neste momento, com a fábrica em mudança, Maria conta com máquinas e costureiras livres, o que permite trabalhar de forma mais exclusiva. Assim, conseguiu concretizar o que queria desde o início e passou a reciclar tudo o que sobra do labor têxtil. Dos restos de tecidos às linhas e botões, todos os excedentes são reutilizados para criar peças de roupa infantis.
A responsável explica: “Estabeleci, desde o início, que os meus compromissos eram o ser humano, a natureza e a sustentabilidade. Quero deixar de criar stock morto dentro da fábrica e aproveitar para fazer umas brincadeiras e redefinir a Xiribita”.
Um dos principais objetivos é desenhar modelos unissexo que fiquem bem a miúdos dos 3 aos 12 anos. “Quero que sejam peças neutras. Vou afastar-se dos tons mais coloridos, porque muitas pessoas ainda mostram resistência às cores mais vivas”. A paleta mais sóbria alia-se a designs algo minimalistas, com alguns detalhes como um sorriso, o logótipo da marca, ou a gravação de nomes.
Mais do que a identidade estética, por se tratar de um público mais novo, a marca prioriza o conforto com tecidos de qualidade. Por se tratar de algodão reciclado e de reaproveitamento de materiais que iriam para o lixo, Maria receita que muitas pessoas associem os tecidos à falta de valor. E quer provar o contrário.
Neste momento, a marca só está a vender as peças através das redes sociais. “Temos um domínio de fábrica, mas como temos mais de uma marca, o objetivo é colocá-las todas numa concept store com um pouco de tudo”, explica.
Por isso, se quiser comprar uma das peças da Xiribita, pode encontrá-las disponíveis na página de Instagram da marca. Os valores variam entre os 7,99€e os 24,99€. Carregue na galeria para conhecer algumas das propostas.