“O meu pai, para mim, é como se fosse um artista.” Álvaro Alves, de 31 anos, cresceu a vê-lo pintar e fabricar todo o tipo de peças em barro ao gosto dos clientes. Das cerâmicas em relevo aos artigos em pasta de cimento, começou a ganhar o gosto pelo ofício.
Natural da freguesia de Galegos, em Barcelos, vem de uma família ligada ao artesanato. E não podia ser de outra forma, tendo em conta que é a terra que viu nascer artesãos tão famosos como os Irmãos Mistério ou Rosa Côta, nomes sonantes nacional e internacionalmente.
Há mais de três décadas que Álvaro se dedica ao comércio, nas duas lojas dos pais em Guimarães onde vendem tudo o que é barro — como vasos e estatuetas —, peças em cimento ou quadros que vendem para pessoas com o designer de moda Tony Miranda. Mas faltava outro tipo de oferta.
No final de 2023, o comerciante abriu as portas de um armazém em Barcelos dedicado às loiças, o Zarcot. Desde peças de marcas portuguesas como a Vista Alegre, a Spal, a Costa Verde e a Silampos a linhas exclusivas de pratos e loiça utilitária, a loja tem preços a começar nos 50 cêntimos.
“Notámos que aqui na zona há muito a questão do barro, mas sempre tive um amor especial pela porcelana e pelo grés”, explica à NiT. “Enquanto comerciante, senti que já tinha conhecimento suficiente para trabalhar este segmento num novo espaço.”
Com cerca de 400 metros quadrados, a loja foca-se sobretudo em loiça utilitária. Os clientes encontram pratos, tigelas, saladeiras, copos, faqueiros, talheres avulsos e até panelas. Há imensos pratos que não ultrapassam os 75 cêntimos e os valores raramente ultrapassam os 4€.
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“O nosso objetivo é ter um bocado de tudo e sempre com vários preços”, explica. É por isso que trabalham também com fábricas de outros países, retirando os excedentes de forma a conseguir valores mais acessíveis para os portugueses. “O nosso lema é variedade e qualidade.”
Isto porque, aponta o fundador, gosta de ter coisas que mais ninguém tem — sobretudo numa altura em que negócios de loiças e cerâmicas germinam um pouco por todo o País. A Itália, por exemplo, vai buscar os famosos copo de vidro e cristal da Cristal Murano, com cores e formas únicas.
Uma parte da oferta passa pela chamada loiça de segunda, ou seja, que normalmente têm defeitos quase impercetíveis. No entanto, Álvaro também trabalha com primeiras linhas das famosas marcas de decoração nacionais.
“Temos os preços para o público e o preço de revenda. Vendemos para restaurantes, pequenos comerciantes ou lojistas”, acrescenta. O valor médio de um prato para os clientes é de 2€ ou, se for um prato de sobremesa, fica-se pelo por 1€.
Há ainda duas linhas exclusivas que Álvaro desenhou, em porcelana e grés, respetivamente, e mandou fazer em fábricas parcerias no norte do País. “Uma é mais tradicional e outra é mais moderna”, com o prato mais caro a ficar nos 4€.
Mas são as encomendas que recebe regularmente, com peças de marcas bem conhecidas, que continuam a ser a estrela do negócio. “Todos os meses tenho um camião de peso a descarregar aqui. Da Vista Alegre é quase todos os meses.”
Talvez seja por isso que, quem aparece na Zarcot, não se fica por meia dúzia de peças. “Tenho clientes que vêm de propósito para escolher o enxoval completo”, conclui. “Gostam de misturar um pouco de tudo.”
Há muito que o fenómeno ultrapassou as fronteiras nacionais. Quase sem que ninguém desse por isso, milhares de estrangeiros descobriram o encanto das lojas outlet que vendem louças portuguesas. É entre corredores labirínticos de espaços como a AlouZa que os apaixonados por decoração encontram milhares de peças de qualidade a preços quase ridículos.
Um dos exemplos é a Cakus, que abriu recentemente o primeiro espaço físico na Grande Lisboa. Se não viver no norte, também pode conhecer o “maior armazém de louça ao peso” do Paístornou-se um fenómeno com milhares de propostas para a casa. O quilo custa sempre 3,5€.
Carregue na galeria para ver exemplos de algumas das peças que pode encontrar no novo armazém Cakus Outlet, em Alverca.
