Nas últimas semanas as redes sociais, com especial incidência no instagram, foram invadidas por uma corrente de imagens onde T-shirts brancas (à venda no site francês apar tv), serviam de veículo para passar mensagens de contestação em relação ao mundo da moda.
Fuck Vetements, Fuck Anna Wintour, Fuck Colette, Fuck Calvin Klein, Fuck Off-White, entre dezenas de outros nomes conhecidos do mundo fashionista, são apenas algumas das “vítimas” do projeto 99% YOUTH, um movimento que nasceu a partir de outro projeto ainda, denominado de not vogue.
Mas vamos por partes. STEVE OKLYN — de acordo com a revista Dazed que o entrevistou, e sim o nome escreve-se com caixa alta —, criou o notvogue.com há sete anos. Conta à Dazed que o fez após ter lido uma entrevista com Carine Roitfeld — ex-diretora da Vogue Paris —, que aquando a questão do que seria preciso para estar na Vogue, respondeu: “Ou se é Vogue, ou não se é”. E assim, inspirado pelo clube de snobismo que gira em torno do fashion world, nasceu o site que é uma sátira visual e textual ao mundo da moda.
Acontece que STEVE OKLYN não é sequer uma pessoa. Trata-se antes de uma invenção, de uma identidade que, de acordo com o homem por trás da ideia, foi criado para existir de forma independente. OKLYN foi apontado por muitos como sendo o pseudónimo de algum “fashion insider” que havia decidido manifestar o seu descontentamento através de um espaço anti-tudo. No entanto, parece que não é isso.
Conforme adiantou a jornalista da Dazed que entrevistou a personagem — que nunca mostra a cara, conforme se pode ver no seguinte vídeo — estamos perante um senhor na casa dos 60 anos, que vivenciou um dos maiores movimentos de sub-cultura do século vinte, tendo convivido com a nata nova iorquina artística. Nomes como Cindy Sherman, Richard Prince, Keith Haring ou Basquiat “eram todos meus amigos”, revelou OKLYN à Dazed.
A questão, porém, mantém-se: irá uma T-Shirt que diz ‘FUCK COCO CHANEL’ alterar a mentalidade de uma geração, ou encorajá-la a pensar de forma diferente? Poderá ou não, mas a verdade é que 99% YOUTH é provocativo o suficiente para pôr as pessoas a pensar, a falar e até argumentar. E é precisamente esse o objetivo.