A Inditex, proprietária da Zara, Pull&Bear, Massimo Dutti, Bershka, Stradivarius, Oysho, Zara Home e Uterqüe, está a suspender as compras na Birmânia. A informação foi confirmada pela própria empresa à Reuters, uma agência de notícias britânica, esta quinta-feira, 27 de julho.
“A Inditex está a proceder a uma saída faseada e responsável de Birmânia, seguindo o apelo da IndustriALL [sindicato global de trabalhadores que quer convencer as empresas a desinvestir no país]”, escreveu um porta-voz da empresa. “Como resultado, continuamos a reduzir o número de fabricantes ativos no país.”
Ainda assim, o grupo espanhol não deu qualquer prazo para a saída. E, como não publica uma lista de fornecedores, não ficou claro quantas fábricas na Birmânia estão a fornecer o gigante de fast fashion.
Mianmar (antiga Birmânia) é uma nação do sudeste asiático com mais de 100 grupos étnicos, que faz fronteira com Índia, Bangladesh, China, Laos e Tailândia. Só Rangum, a maior cidade do país, conta com vários mercados movimentados e mais de oito milhões de habitantes.
A indústria de vestuário é um dos maiores empregadores da região e é precisamente de lá que saem muitas das roupas e dos calçados de grandes marcas e retalhistas ocidentais. Mas a verdade é que o país está a enfrentar uma crise política e humanitária desde que uma junta militar tomou o poder no início de 2021. A IndustriALL afirma que os direitos trabalhistas foram corroídos desde então.
Por isso mesmo, as marcas e os retalhistas têm sido pressionados a abandonar o país. Mas esta saída pode causar perdas de emprego e mais sofrimento económico para os trabalhadores. O tema está a gerar várias discussões. A União Europeia, por exemplo, considera que as empresas devem continuar a abastecer-se na Birmânia.
De acordo com o relatório anual da Inditex, o grupo tem um acordo com a IndustriALL desde 2007. Acordo este que foi renovado em 2022 e que obriga a empresa a manter o diálogo com os sindicatos e a responder às necessidades dos trabalhadores ao longo de toda a cadeia de abastecimento.
A saída da Inditex da Birmânia não é novidade. O retalhista espanhol Mango já o fizera. Em setembro do ano passado, aliás, a Primark afirmou também que iria “começar a trabalhar para uma saída responsável”.