As opções veganas não assumem apenas o protagonismo nas dietas alimentares, mas estendem-se a áreas como a moda, a beleza e a decoração. Nos últimos anos, as empresas inseridas nestas indústrias têm aumentado os esforços para encontrar alternativas mais ecológicas, mas ainda existe um longo caminho a percorrer.
Quando se começou a utilizar o couro artificial como substituto das peles, todas as marcas começaram a adotar este material sintético que, de facto, permite combater a crueldade animal — mas o impacto ambiental continua a ser superior ao desejado. Além da quantidade de água e energia que o seu fabrico exige, a escolha não é biodegradável e ocorre libertação de toxinas nocivas durante o processo de produção. Eis que surge, então, a pele de cogumelo.
O cogumelo tem uma composição que possibilita a recriar o couro — mantendo a sua textura, durabilidade e qualidade. Este material é criado com o micélio, a parte vegetativa do fungo, que ficou conhecido como Mylo. Ao cultivar as raízes dos cogumelos, processo que pode ser feito em qualquer lugar de forma simples, é possível criar uma superfície espessa e modificá-la com o apoio de ácidos leves, corantes e álcool.
Quem entrou nesta onda revolucionária foi Stella McCartney, que tem colaborado com a empresa Mylo Unleather desde 2017, e é conhecida pelo seu ativismo a favor dos animais no contexto da indústria. No seu regresso à semana da moda parisiense, para apresentar a coleção de primavera-verão 2022, a designer apresentou uma carteira criada com esta pele. Na estação anterior, a criadora já tinha dado a conhecer ao público um soutien de desporto e umas leggings recorrendo também a matérias-primas derivadas deste fungo.

Num estudo realizado pela Nature Sustainability, a setembro de 2020, vários investigadores analisaram a relação entre o conceito da pele de cogumelo e os custos de produção, o seu valor sustentável e os processos de fabrico. De acordo com a pesquisa, os resíduos podem ser transformados em materiais proveitosos e o processo armazena carbono quando a raiz do fungo está em crescimento.
Devido ao seu baixo consumo de água e eletricidade, este material biodegradável não só é uma opção mais barata, como pode ser trabalhado por pequenos artesãos. Basta cultivar o micélio com serradura num ambiente húmido com temperaturas controladas.
Carregue na galeria para conhecer alguns dos artigos que já foram produzidos com micélio, a chamada pelo de cogumelo.