Autor do meme viral do Papa diz que ultrapassou os limites: “Sinto-me uma merda”

Uma imagem do Papa Francisco com um casaco puffer branco digno de um desfile da Balenciaga. Se andou pelas redes sociais durante o fim de semana, 25 e 26 de março, o mais provável é que se tenha cruzado com este retrato inusitado. Acontece que o meme viral foi gerado por um programa de inteligência artificial — e não podia estar mais longe da realidade.

Desde então, a fotografia do “Papa Rapper” — como ficou conhecida a edição — foi partilhada por milhões de pessoas. Devido às proporções da brincadeira, o autor da edição (até então desconhecido) falou com o site “BuzzFeed” sobre o facto de a sua mentira se ter tornado numa polémica mundial e o receio de que possa ter ultrapassado os limites.

Por trás desta invenção, está um trabalhador na área da construção civil, de 31 anos. Pablo Xavier vive na área de Chicago, nos Estados Unidos, e confessou que estava sob o efeito de cogumelos alucinogénicos quanto teve a ideia da imagem. Embora tenha crescido com o catolicismo, não segue a religião.

“Achei que ia ter uma reação negativa. Só não imaginava que seria nesta magnitude”, confessou ao site. Xavier revelou ainda que foi banido do Reddit horas após ter postado a imagem na rede social e que, apesar de muita gente ter achado o meme hilariante, também houve repercussões negativas.

“Sinto-me uma merda. É uma loucura”, explica, sobre o facto de muita gente ter acreditado que a imagem era real e ter usado esse exemplo para criticar os excessos da Igreja Católica. Segundo Pablo Xavier, esta polémica deve lançar um debate sério sobre o impacto de imagens criadas através da Inteligência Artificial: “É algo que vai ficar sério se não começarem a implementar leis para regular.”

E conclui: “No que diz respeito a usar [a manipulação] para imagens comuns, se quiser fazer um Vincent van Gogh, acho que esse é bom. Usá-lo para figuras públicas, esse poder ser o limite.”

Para criar o meme, o norte-americano usou o programa Midjourney V5. Começou a explorar a ferramenta após a morte de um dos irmãos, em novembro, para lidar com o luto e se distrair. Uma semana antes, também circularam imagens geradas por IA de Donald Trump a ser preso pela polícia, em Nova Iorque.