Durante o século XX, a criadora da Chanel, Gabrielle (ou Coco, para os amigos) deu várias vezes o primeiro passo no mundo da moda. Quando trocou os corpetes pelos confortáveis fatos de saia-casaco, por exemplo, o seu trabalho tornou-se sinónimo de liberdade e de emancipação. Mesmo assim, nunca deixou de estar envolta em polémicas.
“Considerada por quase todos um ícone feminista, começou a sua marca nos anos 20. Não consigo imaginar o sexismo que teve que enfrentar. No entanto, ela também era simpatizante do regime nazi”, notou Bill Burr, no seu especial de comédia “Bill Burr Live at Red Rocks”, de 2022.
A suspeita relação íntima da criadora com oficiais fascistas é debatida há muitos anos, mas, em 2011, Hal Vaughan publicou uma biografia reveladora. O trabalho de pesquisa, baseado em documentos recém-desclassificados, demonstrava que Chanel teria mesmo colaborado com os serviços de inteligência do regime de Hitler.
Contudo, agora vão ser dados a conhecer mais factos da sua história de vida — e refletem outra faceta da estilista. A exposição “Gabrielle Chanel. Fashion Manifesto”, que pode ser visitada no Museu Vitória e Alberto, em Londres, a partir de 16 de setembro, inclui documentos inéditos onde o nome da designer surge numa lista de 500 mil pessoas que fizeram parte da Resistência francesa.
Afinal, qual o significado da combinação destes factos, a priori, contraditórios? Durante o alegado apoio prestado os alemães, por altura da invasão germânica a França, Chanel estava também envolvida em movimentos de apoio aos gauleses, de acordo com vários registos oficiais desse período, em meados de 1940.
“Temos verificações do Governo francês, incluindo um documento de 1957, que confirma a sua participação ativa na Resistência”, confirma Oriole Cullen, curadora da mostra aberta ao público, citada pelo “Guardian”.
Sabe-se ainda que na sua casa na Riviera Francesa, conhecida como La Pausa, foram encontradas caves utilizadas pela Resistência Francesa para esconder refugiados judeus. É o caso do arquiteto Robert Spreitz, que projetou a propriedade, e cujo nome aparece num ficheiro confidencial da designer, segundo a “Harper’s Bazaar”.
Porém, a exposição não omite as denúncias que acusam Chanel de estar alinhada com os alemães. Além destes documentos, vão ser exibidas provas de que a costureira terá colaborado com os nazis durante a ocupação de Paris, nomeadamente de transcrições de interrogatórios a oficiais no pós-guerra. “As novas provas não a ilibam. Apenas tornam o quadro mais complicado”, continua Cullen.
A mostra não se foca apenas na vida pessoal e política da criadora francesa. Também conta com 200 peças icónicas, incluindo os seus famosos casacos de tweed, os vestidos pretos que popularizou e várias fotografias que resumem a sua carreira, que começou em 1918. Se estiver interessado em visitar a exposição “Gabrielle Chanel. Fashion Manifesto” já pode comprar o ingresso online, no site do museu, por 24 libras (cerca de 28€).
Como lá chegar
O aeroporto mais perto do Museu Vitória e Alberto, em Londres é o é o de Heathrow. Encontra bilhetes de ida e volta, com partida de Lisboa, desde 193€. A partir daí, pode apanhar várias opções de transporte.
A forma mais rápida de chegar é um táxi, como seria de esperar. A viagem demora cerca de 24 minutos, custaria a partir de 160€. Se apanhar o metro, o valor estimado é entre 3€ e 6€ para uma duração de 38 minutos. A estação mais próxima é a de South Kensington, que fica cinco minutos a pé do destino.
Outra alternativa é optar por autocarros, sendo que precisa de apanhar dois: deve apanhar a linha 25 até à paragem D, em West Cromwell Road Tesco, onde acontece a transferência. A seguir, o veículo 74 pára na paragem M, a quatro minutos a pé do museu. O tempo de viagem estimado é de 59 minutos, e os preços da deslocação oscilam entre os 16€ e os 21€.
Aproveite e leia o artigo da NiT sobre a história de Coco Chanel e das perigosas (e quase desconhecidas) ligações aos nazis.