Vendedores chineses a olhar diretamente para a câmara, com dezenas de carteiras atrás, desde modelos da Hermès ou da Gucci, a perguntar: “Por que não compram diretamente a nós?”. Esta é a imagem que se tem multiplicado nas redes sociais, em vídeos filmados na China, que se tornaram virais nos últimos dias, um pouco por todo o mundo.
Os comerciantes ressaltam a qualidade dos artigos produzidos em fábricas chinesas. Os conteúdos, que estão a inundar plataformas como TikTok e Instagram, incitam os norte-americanos a contornar as tarifas alfandegárias impostas por Donald Trump, que foram aprovadas a 9 de abril, quarta-feira. A medida tem feito cair as bolsas e aumentou os receios de uma recessão nos EUA.
Recorde-se que o presidente norte-americano Donald Trump impôs uma taxa de 145 por cento sobre todos os produtos provenientes da China, como parte de um regime tarifário global. A China respondeu com a aplicação de direitos aduaneiros de 125 por cento sobre as importações dos EUA.
Esta guerra de tarifas levou a União Europeia a propor a aplicação de uma taxa de apenas 25 por cento sobre vários produtos importados dos EUA, mas não inclui propostas ligadas à área da moda. A lista engloba, entre outros, ovos, fios dentários, aço, alumínio, salsichas, carne de aves e diamantes que venham dos Estados Unidos da América.
Nos vídeos virais, os comerciantes chineses abordam a possibilidade de os clientes comprarem artigos em fábricas na China que, afirmam, são produzidos para várias marcas de renome internacional, como a Lululemon ou a Louis Vuitton, mas por uma fração do preço.
Muitos dos vídeos são realizados por criadores de conteúdos que, segundo o “The Independent”, são contratados por fornecedores chineses. Um dos utilizadores menciona que estes produtos são feitos na China e, mais tarde, enviados para a Itália, onde são embalados para receber o selo “Made in Italy”.
@sen.bags Trump has increased tariffs again today. I don’t understand what he is thinking. It will be more expensive for the American people to buy things.
Numa das publicações no TikTok, que já soma quase 10 milhões de visualizações, um dos comerciantes afirma conseguir vender calças de ioga do mesmo fabricante que fornece a Lululemon por cerca de 5€, em alternativa aos quase 100€, valor com que estão à venda nos EUA. “O material e o trabalho artesanal são basicamente os mesmos porque vêm da mesma linha de produção”, diz.
Há ainda um vídeo onde um homem aparece no chão de uma fábrica, tendo surpreendido os utilizadores da rede social ao dizer que tem acesso a fabricantes das carteiras Louis Vuitton, modelos que podem ser vendidos diretamente aos clientes por aproximadamente 50€.
Outro dos principais casos mencionados nestes vídeos é a Hermès, que não emprega funcionários na China, segundo os relatórios financeiros. Cerca de dois terços dos funcionários trabalham em França, e o restante em países europeus como Itália, Suíça e Espanha.
Após a origem deste debate sobre artigos de luxo, várias das empresas em questão negaram que os produtos sejam finalizados na China. Alguns membros das empresas revelaram ainda ao “The Independent” que, provavelmente, se trata de um aproveitamento por parte de vendedores de produtos falsificados, que usam as polémicas em torno destas tarifas para aumentar as vendas.
Um representante da Lululemon afirmou, à mesma publicação, que a empresa fabrica apenas 3 por cento dos seus produtos na China, além de fornecer uma lista completa de parceiros no site oficial. Já a Louis Vuitton, outro dos exemplos, repetiu que não tem produção na China.
“No passado, as autoridades já foram mais rigorosas e, outras vezes, mais permissivas. Muitas vezes, tem a ver com a relação com os EUA e com os presidentes anteriores”, afirmou Conrad Quilty-Harper, autor de Dark Luxury, um boletim informativo sobre a indústria de artigos de luxo.
Isto não quer dizer, porém, que não existam cadeias de abastecimento de grandes marcas no mercado oriental. No caso da Hermès, a empresa usa algodão do interior da Mongólia, enquanto a Chanel abastece-se da seda de Fenggu e Antai, ambas regiões na China. No final, contudo, os artigos são produzidos em fábricas francesas ou italianas.
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