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Das bonecas à marca própria. Marta quer estar no “Sangue Novo” da próxima ModaLisboa

Desta vez, foi como espectadora, mas quer passar para o outro lado. E até já foi convidada para apresentar as suas criações na Semana da Moda de Londres.

Marta Figueiredo tinha seis anos quando começou a “roubar panos da louça” à mãe para fazer vestidos para as bonecas. “Cosia à mão, ficava horrível, mas eu tentava que tivesse alguma visão”, conta a artista de 21 anos, que hoje já é licenciada em Design de Moda pela Universidade Lusófona de Lisboa. A brincadeira de infância acabou por se transformar numa paixão e, mais tarde, numa vocação.

Natural de Lisboa, é a criadora da Nabi, que trouxe consigo este domingo, 5 de outubro, para a ModaLisboa. Não para um desfile, mas sim para a plateia. A marca foi fundada mesmo antes de entrar para a faculdade. “Decidi que, se ia para Moda, queria ser designer. Então criei logo o nome e o logótipo”, recorda à NiT.

Nabi significa “borboleta” em coreano — e essa ideia de transformação acompanha toda a sua estética e processo de criação. “Exploro muito a metamorfose e como estamos sempre em constante movimento, tanto para o bem como para o mal.”

A primeira coleção chama-se Shabahala, inspirada numa lenda sobre evolução espiritual. “Foi um processo de transformação: de como é que nós chegamos até à iluminação espiritual máxima. Este look que estou a usar hoje é o visual final dessa coleção, e é isso que também estou a tentar fazer: atingir a minha iluminação espiritual máxima, no trabalho e como pessoa.”

Apesar de estar ainda “em processo de lançamento”, Marta já apresentou algumas das suas peças nas redes sociais e, agora, está a dar os primeiros passos na consolidação da marca. “Neste momento estou só a alugar, mas para a próxima coleção quero começar a industrializá-la. Talvez cinco peças para vender. Ainda estou a aprender a gerir a minha marca sozinha, sem aulas, a perceber como é que tudo funciona”, revela a lisboeta.

O gosto pela moda nasceu cedo, mas o percurso foi marcado pelas incertezas. “No secundário tirei Design Gráfico, mas eu sabia que não queria trabalhar num computador. Queria criar com as minhas mãos, que é algo que sempre gostei.” Quando descobriu uma máquina de costura na casa da tia-avó, percebeu que tinha encontrado o caminho certo. “Ia para lá fazer testes. E quando estagiava na gráfica, eles também tinham uma máquina, e eu tentava sempre ir costurar.”

A designer confessa que está constantemente a lutar pelos objetivos, não espera que tudo aconteça naturalmente. “Muita gente diz que é um sonho que sempre tive, mas é algo que eu ando a conquistar. Todos os dias me apaixono mais pela moda. Pensava que nunca teria esta paixão, e agora percebo que amo isto. Quero estar muito mais introduzida no meio e fazer coisas que ainda não foram vistas.”

Parte da inspiração vem da sua avó, uma figura que descreve como “revolucionária”. Natural dos Açores, cresceu num meio muito pequeno, mas “sempre teve uma mente muito mais à frente do tempo dela”. Nos anos 80, por exemplo, usava decotes até ao umbigo. “Ela é a minha maior referência em tudo o que faço.”

As peças da Nabi, garante, refletem esta mistura entre ousadia e elegância. “São únicas, detalhadas, com muita atenção ao pormenor. Tenho muita atenção ao corpo feminino e quero aumentar a autoestima das mulheres através das minhas peças. São coisas mais ousadas, mas com toques de elegância”, descreve.

Quanto ao público, Marta não tem dúvidas: é apenas para aqueles que gostam de moda mais alternativa. Outra das suas influências é Rick Owens, um designer norte-americano conhecido pelas coleções fora da caixa. “É preciso ser-se arrojado para usar Nabi.”

Licenciada há apenas um ano, Marta trabalha agora numa casa de tecidos, enquanto junta dinheiro para concretizar o próximo passo: montar o seu próprio desfile. “É um projeto que estou a desenvolver com as minhas amigas. Também quero preparar a próxima coleção para o Sangue Novo. Se não conseguir entrar, candidato-me a outras coisas.”

Mas os sonhos da designer vão mais longe e chegam, inclusive, até Londres. “Já estive em conversas com uma estilista de Londres. Ela foi minha modelo e está entre cá e lá. Já me tinham convidado para a London Fashion Week, mas na altura ainda não tinha meios e achava que a coleção não estava boa o suficiente. Talvez para a próxima. Vou trabalhar ao máximo.”

 
 
 
 
 
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