Ao contrário do que o nome pode sugerir, a Ernest W. Baker é uma marca 100 por cento nacional. Porém, o ADN do projeto nunca esteve limitado por barreiras geográficas: por trás de cada coleção está a união da minhota Inês Amorim, 30 anos, e do norte-americano Reid Baker, 35 anos, uma dupla de criativos que combina diferentes referências culturais em peças masculinas.
Os designers lançaram a insígnia em 2017 e, desde então, têm apresentado o seu trabalho um pouco por todo o mundo. O palco mais recente foi a edição de 2023 dos Grammys, que aconteceram no dia 5 de fevereiro, quando Pharrell Williams e a mulher, Helen Lasichanh, surgiram com dois conjuntos assinados pela marca.
Ambos os visuais eram compostos por um bomber jacket acolchoado e calças de couro idênticas. Ele usou o modelo vermelho, ela preferiu o preto. Os coordenados foram vistos pela primeira vez na Semana da Moda de Paris, em janeiro, mas só o look escuro é que vai estar disponível online, a partir de setembro, por 970 euros.

“O Pharell tem usado as nossas peças em diferentes sessões fotográficas e eventos. Ficamos muito orgulhosos que ele goste das nossas peças e apoie o nosso trabalho”, explica Inês à NiT. Quanto à oportunidade, surgiu de forma natural: “Temos uma relação colaborativa com o stylist do cantor [Rob Zangardi]”.
A designer confessa ainda que o momento “trouxe grande visibilidade à marca”, com as pesquisas pelas suas coleções a multiplicarem-se. “Esperamos continuar a ter possibilidades como esta não só para a marca, mas para o País”, conclui.
O músico não é a única celebridade familiarizada com a marca. Nos Grammys de 2022, Justin Bieber usou umas calças com efeito de couro da insígnia, durante a sua apresentação em palco, e Harry Styles optou por umas luvas de pele para o videoclipe do hit “As It Was”.

A história da Ernest W. Baker
Este sucesso reflete um “crescimento muito orgânico” de um projeto sediado no Norte do País, em Viana do Castelo, mas que começou em Milão. Inês e Reid conheceram-se enquanto concluíam o mestrado em Design de Moda na cidade italiana. Seguiram-se trabalhos com designers como Yang Li, Wooyoungmi e, por fim, Haider Ackermann, até 2017.
A última experiência, num estúdio em Antuérpia, na Bélgica, levou os estilistas a querer apostar no seu próprio projeto. Ainda não pensavam em vender as peças, mas decidiram apalpar terreno. Desenharam uma coleção em nome próprio para perceber a história que queriam contar.
O nome da marca é uma homenagem ao avô do norte-americano, um dos primeiros publicitários de Detroit, atualmente com 95 anos: “Queríamos que tivesse significado para os dois e que, a partir daí, desse para fundir o clássico e o contemporâneo”.
“Nessa altura, fomos criando a marca a pouco e pouco, com coleções pequenas e a apresentar num pequeno showroom em Paris”, revela. Em 2018, a dupla ficou entre os 20 semifinalistas dos prémios LVMH — o grupo que detém marcas como a Louis Vuitton e a Dior. Devido ao reconhecimento, sentiram-se motivados a vir para Portugal e dedicar-se a tempo inteiro à Ernest W. Baker.
“Percebemos que aqui encontramos a possibilidade para o crescimento da marca. Passámos a trabalhar perto da indústria, dos alfaiates e das pessoas que fazem as nossas peças à mão. Isso não só ajuda a chegar ao produto final, mas é muito enriquecedor no processo criativo de cada coleção”.
Nos primeiros três anos, a dupla dedicou-se a definir esta identidade com camisas com padrões axadrezados ou florais, camisolas de lã, casacos com uma aparência vintage e inúmeros fatos. Entretanto, aumentaram o leque aos sapatos, joalharia e acessórios, como luvas, carteiras e gravatas.
Em 2020, apesar do cenário atípico provocado pela pandemia, a marca foi catapultada para a ribalta. Inês e Reid estrearam-se no calendário oficial da Paris Fashion Week, com uma coleção inspirada na cidade de Viana do Castelo. Ainda é a única etiqueta nacional entre as propostas masculinas apresentadas na capital francesa.
“O reconhecimento é gratificante, é incrível ter pessoas em todo o mundo a identificarem-se com a nossa imagem”, destaca a portuguesa. “O nosso foco sempre foi fazer um trabalho com qualidade, mantendo uma identidade forte e reconhecível e isso atrai vários consumidores, incluindo celebridades”.
As propostas já são vendidas a clientes de todos os continentes, destacando-se o mercado asiático. Apesar desta variedade geográfica, a popularidade da etiqueta nota-se sobretudo num público mais jovem, entre os 20 e os 30 anos, atraídos pelas linhas mais clássicas das criações.
Em Portugal, a realidade ainda é outra. “Sentimos que [os portugueses] nos vão conhecendo cada vez mais, apesar de não ser um percurso fácil. Os designers de moda ainda não são muito valorizados, mas esperamos ter cada vez mais reconhecimento no País”.
As peças da Ernest W. Baker podem ser compradas no site da marca. Aproveite e carregue na galeria para conhecer a coleção de primavera-verão 2023 da etiqueta.