Em 2010, quando o empresário Bernard Arnault, diretor da empresa de luxo LVMH (o grupo que detém marcas como Louis Vuitton, Givenchy, Dior, Loewe, e outras) tentou tornar-se acionista da Hermès, a resposta foi imediata. A família que herdou a insígnia fez com que o bilionário abdicasse da sua participação.
Passados 15 anos, há mais uma reviravolta na indústria a envolver os dois nomes. A Hermés acaba de tornar-se a empresa mais valiosa de França, ultrapassando a grande rival, como anunciou a “Bloomberg”. A empresa fundada em 1837, conhecida pelas carteiras de luxo, tem um valor de mercado na ordem dos 243,65 mil milhões de euros, acima dos 43,44 mil milhões de euros somados pela LVMH.
A notícia surge numa altura em que se tornou público que a LVMH tem sofrido algumas dificuldades, registando uma quebra de 3 por cento nas vendas, no primeiro trimestre do ano, segundo dados divulgados esta segunda-feira, 14 de abril. Os mercados onde têm sentido mais dificuldades são o chinês e o norte-americano.
Por outro lado, a Hermès, conhecida por criações icónicas como as carteiras Kelly e Birkin, segue um modelo muito distinto da LVMH, mantendo a empresa mais pequena, uma produção ainda mais lenta e um maior sentido de exclusividade. Como resultado, as propostas têm muitas vezes longas listas de espera, o que resulta em preços mais altos. E os clientes mantêm-se fiéis.
A LVMH, por sua vez, junta negócios com alto desempenho, como a Louis Vuitton ou a Tiffany & Co, com outras secções do grupo, como a Sephora, que têm gerado menos lucro. Por isso mesmo, o valor global tem vindo a diminuir e a preocupar os especialistas comerciais da empresa.
Atualmente, a família Hermès, liderada por Axel Dumas, herdeiro de sexta geração do fundador da marca, Thierry Hermès, tornou-se a mais rica da Europa. No final do ano passado, tinha uma fortuna avaliada em cerca de 150 mil milhões de euros.