A imagem feminina aos olhos da sociedade mudou drasticamente nas últimas décadas. Antigamente existia uma idealização opressiva da mulher doméstica, que ficava em casa a tratar dos miúdos e do lar. Atualmente, apesar de tudo aquilo que ainda haverá para melhorar, existe uma maior igualdade de género. A idade também se tornou num simples número, e com dedicação não existem barreiras, tal como prova Linda Rodin, uma influencer, fashionista e ícone do estilo aos 74 anos.
A paixão pela beleza surgiu quando era ainda uma criança, mas não por escolha sua. Num mundo ainda muito afetado pela Segunda Guerra Mundial, os bens materiais eram escassos, mas o cuidado com a imagem era um valor importante para a família de Linda Rodin. “Não tínhamos muito dinheiro, mas a aparência era muito importante para os nossos pais. O nosso cabelo estava sempre penteado e os sapatos sempre engraxados”, conta à “Elle”.
Beatrice, a sua mãe, tornou-se numa inspiração enquanto crescia. “Ela era muito estilosa e colecionava objetos de beleza”, recorda. Tinha uma loja de antiguidades onde a agora influencer passava muitas tardes. A par disso, era decoradora de interiores e escultora. “Tinha muito bom gosto, tal como a minha avó e tia. Foi graças a elas que cresci a apreciar coisas bonitas e com olho para a roupa. O estilo estava sempre presente na nossa casa”, acrescenta.
Cresceu na ilha de Long Island, em Nova Iorque, mas mudou-se para a Big Apple aos 18 anos, em 1968. Um ano depois, partira para Itália com um namorado. As coisas não correram bem e regressou. “Ao olhar para aquela altura, ter saído da minha bolha suburbana onde cresci permitiu que mudasse a visão que tinha do mundo.”
Se o gosto pela moda já era intrínseco à sua existência, ficou apenas mais forte em 1979, quando abriu a sua primeira loja, a Linda Hopp, em Nova Iorque: “Estava a desenhar roupas e a comprar Calvin Klein antes de ele se ter tornado numa super estrela da indústria”, diz. Antes de mergulhar naquele mundo, sonhava ser empregada de mesa. “Adorava os blocos de notas onde apontavam os pedidos”.
Centenas de pessoas passaram por si, mas há uma que consegue destacar. “O meu mentor foi um fotógrafo fantástico com quem trabalhei enquanto assistente. Chamava-se Gösta Peterson. Era o melhor da altura. Foi o primeiro a fotografar a [supermodelo] Twiggy em 1967, quando ela chegou a Nova Iorque”, conta, desta vez, ao site “The Bleu”.
Fez de tudo — e viajou pelo mundo inteiro. Trabalhou com Cher quando a artista foi capa da “Time”, um dos destaques da carreira de Linda, mas também com Bob Dylan e foi editora da prestigiada revista de moda “Harper’s Bazaar”.
Um dos seus projetos de maior sucesso, contudo, foi a Rodin, uma marca de skincare criada em 2007. Foi um sucesso no mercado americano, e acabou por ser vendida à Esteé Lauder em 2014. O valor do negócio nunca foi divulgado, mas foi generoso o suficiente para que Linda Rodin pudesse apostar noutras aventuras fora da indústria onde esteve durante décadas.
“Depois de abandonar a minha marca, decidi que não podia fazer algo pouco criativo. Tinha o Winks [o seu cão] ao colo e tive um momento em que surge aquela luz em cima da cabeça — produtos para cães. Nunca conseguia encontrar coisas que adorasse para ele que tivessem estilo e utilidade. Tinha de criar isso. O objetivo é que os cães sejam um reflexo do estilo dos donos. Eu sou uma rapariga de ganga e gosto de roupa simples. Então queria que a minha outra metade mostrasse isso mesmo”, revela à mesma publicação. Adotou-o quando tinha três meses. Agora são melhores amigos há 10 anos.
As roupas para os animais são peças que, se existissem em tamanho para humanos, Linda usaria sem hesitar. Foi a partir deste pensamento que surgiu uma das coleções, com propostas de ganga e couro falso.
Mais de 50 anos e vários projetos depois, os coordenados de Linda Rodin permanecem, em grande parte, iguais. “Tenho uma camisa de ganga há 30 anos. Acho que é da Levi’s, e já foi remendada mais de 100 vezes. Está toda esfarrapada mas ainda a uso. Também tenho um par de sapatos que comprei quando estava a viver em Itália. São ao estilo bailarina, laranjas, e tenho-as há 60 anos“, confessa.
Usa regularmente calças de ganga com uma camisola ou camisa — um look muito clássico, portanto. Mas também gosta de acrescentar um twist, como as cores berrantes e extravagantes, ou uma botas vintage. No seu Instagram, vemo-la sempre com óculos de sol. “São receitados pelo médio. Não é para parecer misteriosa, simplesmente não consigo ver sem eles. E prefiro não mudar de óculos quando estou dentro ou fora de casa.” Quanto à maquilhagem, usa um batom mais vistoso. A idade trouxe, porém, uma mudança. Deixou os saltos altos de lado e há seis anos que calça apenas sapatilhas.
O seu segredo para a felicidade? “Saúde, muitas horas de sono, uma boa dieta e, claro, família e amigos”, que incluem, claro, o seu “querido” Winky, que está (mesmo) sempre ao seu lado.