Moda

Morreu Oliviero Toscani, o fotógrafo das campanhas controversas da Benetton

O artista quebrou barreiras ao retratar temas polémicos na moda, como o vírus da SIDA. Tinha 82 anos.
O artista foi vítima de doença prolongada.

O fotógrafo italiano Oliviero Toscani morreu esta segunda-feira, 13 de janeiro, aos 82 anos. Vítima de amiloidose, uma doença rara e incurável que cria depósitos de proteínas insolúveis nos tecidos, com a qual foi diagnosticado em agosto de 2024, o artista estava internado desde sexta-feira.

“É com imensa tristeza que anunciamos que hoje, 13 de janeiro de 2025, o nosso querido Olivero iniciou a próxima viagem”, pode ler-se numa publicação, feita pela família nas redes sociais.

Toscani tornou-se conhecido no mundo da fotografia pelas campanhas publicitárias que realizou para a marca de roupa Benetton, a partir de 1983. Consideradas polémicas e revolucionárias, vários destes trabalhos foram proibidos em países como Itália ou França.

Entre os exemplos, estão imagens que mostravam uma mulher negra a amamentar um bebé caucasiano ou imagens de prisioneiros norte-americanos no corredor da morte, por exemplo.

Outros dos seus trabalhos criativos mais famosos é o retrato do jovem David Kirby, deitado numa cama de hospital, rodeado pela família, fragilizado pelo vírus da SIDA. A imagem, captada por Therese Frare, na altura estudante de jornalismo, foi publicada em novembro de 1990 pela revista “Life”.

Um dos retratos mais marcantes.

“Uma fotografia torna-se arte quando provoca uma reação, seja ela de interesse, curiosidade ou atenção”, defendeu várias vezes Oliviero Toscani, a mente por trás de vários cartazes que catapultaram a marca italiana Benetton para a fama global. O seu objetivo era abordar “assuntos com os quais, por norma, os anunciantes não querem lidar”.

Toscani trabalhou para a empresa entre 1982 e 2000, numa primeira fase, e voltou a colaborar com a etiqueta entre 2017 e 2020, numa tentativa de reavivar a fama da marca, quando um dos fundadores da empresa, Luciano Benetton, voltou a assumir as rédeas do negócio.

A parceria terminou após comentários polémicos do fotógrafo, nos quais relativizou a importância do colapso da Ponte Morandi, em Génova (Itália), um desastre que terminou com a morte de 43 pessoas e cuja operação pertencia à empresa Atlantia, controlada pela família Benetton.

“A publicidade tradicional diz que, se comprar um dado produto, ficará bonita, sexualmente poderosa, bem-sucedida. Essa porcaria não existe verdadeiramente”, defendeu, por várias vezes, o criativo.

 
 
 
 
 
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