Moda

Na China, só os homens é que podem usar e vender lingerie nas redes sociais

As modelos mulheres foram proibidas nas redes sociais, por isso os maridos chegaram-se à frente para manterem o negócio a funcionar.
É um trabalho difícil, mas alguém tem que o fazer

Por cá, o fenómeno disparou durante a pandemia. Com as lojas e centros comerciais fechados, os vendedores multiplicaram-se pelas redes sociais, com vídeos em direto onde se vendia tudo e mais alguma coisa. Nas redes sociais chinesas, é exatamente isso que continua a acontecer.

Porém, a benevolência do governo chinês é um tanto ou quanto particular. A censura ativa ditou que as vendas de lingerie poderiam acontecer, mas apenas se não usassem mulheres como modelos.

Na sequência dessa decisão, vários vendedores começaram a ver a suas sessões online interrompidas, avança a CNN. Tudo porque o governo considera que exibir mulheres em lingerie é conteúdo impróprio. Pressionados, as famílias encontraram uma alternativa.

Assim, as mulheres saíram da frente da câmara e foram os homens que tiveram que fazer a sua parte. Hoje, é possível encontrar inúmeras vendas online com homens que envergam pequenas e delicadas peças de lingerie. Outros, menos entusiastas, optaram por usar manequins. Enquanto algumas mulheres começaram a vestir a lingerie por cima da própria roupa.

“Isto não é sarcasmo. Toda a gente está a encarar o cumprimento das regras com muita seriedade”, revelou uma das mulheres vendedoras à CNN. “Se eu quero promover e mostrar a lingerie numa sessão em direto, o que é que posso fazer? É muito simples, arranja-se um homem que a vista.”

A venda de produtos online é um enorme mercado na China e estima-se que abranja mais de 400 milhões de consumidores. Um negócio que gera mais de 700 mil milhões de euros por ano, diz a CNN, que cita entidades chinesas.

A inspiração destes novos empreendedores a tentarem contornar as regras rígidas do governo pode muito bem ter vindo de uma figura influente nas vendas online, um chinÊs chamado Austin Li Jiaqi. Jiaqi ficou conhecido como o Rei do Batom, alcunha conquistada após uma épica venda de 15 mil batons em apenas cinco minutos.

A fama chegou ao outro lado do mundo, com o vendedor a entrar na lista Time 100 Next da revista Time, em 2021. Por essa altura, era já seguido por 35 milhões no TikTok, um reinado encurtado por uma polémica.

Em junho de 2022, exibiu num livestream um bolo com a aparêcia de um tanque. Os homens da censura terão associado o bolo ao célebre massacre da praça de Tiananmen — cujo aniversário decorria no dia seguinte ao da emissão — e bloquearam Jiaqi.

Apesar do vendedor ter alegado um problema técnico, a verdade é que o seu nome desapareceu da Internet chinesa. Só agora, em setembro, Jiaqi pôde voltar

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