Estação após estação, mesmo com a indústria da moda em constante ebulição, é raro vermos um casaco radicalmente distinto das propostas do ano anterior. O fenómeno acontece, em média, umas duas vezes por década. Se há cinco anos tivemos o aparecimento do puffer jacket, antes assistimos ao regresso do trench coat.
Os mais atentos já terão reparado, porém, no renascimento de outro agasalho. Com uma das silhuetas mais entusiasmantes do momento, o scarf coat é exatamente o que nome revela. Trata-se de uma silhueta “dois em um”, prática e chique, graças ao cachecol incorporado junto à gola — que pode, ou não, ser removível.
Ao longo dos anos, várias marcas icónicas como a Hermès, Max Mara, Yohji Yamamoto ou Rick Owens têm lançado novas versões deste visual. Nos recentes desfiles de outono-inverno de 2024, o agasalho voltou a ser protagonista de uma miríade de coleções, com destaque para os modelos de pele da Bottega Veneta ou em lã da The Row.
É um estilo que existe há décadas, mas que só disparou em popularidade mais recentemente. O culpado? O modelo bordado da marca escandinava Toteme, lançado em 2021, que se tornou viral nas redes sociais com um design minimalista nórdico. Dezenas de personalidades conhecidas, como a atriz e modelo Rosie Huntington-Whiteley, já foram vistas com esta peça.
Os primeiros modelos foram criados precisamente a pensar nos climas mais frios. Durante o século XX, sobretudo na Península Escandinava e no Reino Unido, vários alfaiates europeus exploravam este design em tecidos como lã ou caxemira, oferecendo uma solução prática para os invernos mais rigorosos. Na altura, era comum as peças de alta costura terem detalhes integrados, como golas ou mantas costuradas.
O estilo consolidou-se nos anos 70 e 80, mas a curiosidade acabou por ficar adormecida nas décadas seguintes. Pelo menos, até à procura por conforto pós-pandemia. Desde então, milhares de pessoas passaram a considerar estas opções para a estação fria. As versões mais acessíveis estão agora em destaque nas montras de quase todas as lojas, algo que antes não se verificava: eram quase um exclusivo do mundo do luxo.
Uma das vantagens da peça é a sua versatilidade, que permite operar dezenas de transformações do visual. Pode colocar o cachecol por cima dos ombros, enrolá-lo à volta ou do pescoço e, em alguns casos, até formar uma espécie de laço. Se for surpreendida com uma tarde mais quente, pode apenas removê-lo, caso a peça o permita.
Apesar da popularidade estratégia do layering — a técnica de vestir a roupa através de sobreposições —, esta moda termina com as dúvidas sobre as camadas necessárias para os dias frios. Além de simplificar a rotina diária, oferece uma alternativa tão elegante quanto prática.
Para muitos, a ascensão da tendência, pautada por paletas de cores monocromáticas, silhuetas estruturadas e linhas limpas e minimalistas, é também um reflexo da procura pelo luxo discreto, que veio contrariar os exibicionismos e roupas vistosas. E, por enquanto, não vai a lado nenhum.
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